quinta-feira, 2 de novembro de 2023

ISRAEL BOMBARDEIA ÚNICO HOSPITAL CONTRA CÂNCER NA FAIXA DE GAZA

Israel ataca único hospital contra o câncer na Faixa de Gaza. Além da crueldade contra civis, ataque do governo sionista a Hospital de Amizade Turco-Palestino tem repercussões na Turquia, que vem subindo o tom contra Israel

Ataque a hospitais e instalações humanitárias são parte da rotina de Israel


RBA

O governo sionista de Israel bombardeou hoje (30), de acordo com informação da imprensa local confirmada pelo Ministério da Saúde, o único hospital da Faixa de Gaza que trata de pacientes com câncer. O número de vítimas ainda é incerto. Além da crueldade presente no massacre israelense contra civis palestinos desde o dia 7 de outubro, este ataque também tem significado geopolítico. Isso porque se trata do Hospital de Amizade Turco-Palestino. O governo turco vem subindo o tom contra Israel, inclusive não descartando um revide pelo genocídio.

Ataque a hospitais e instalações humanitárias são parte da rotina de Israel. Apesar de configurar crime de guerra, o estado sionista pouco dá voz aos tratados e mesmo à comunidade internacional que, em massa, cobra o fim do massacre. Já são cerca de 30 instalações médicas atingidas. Até o momento, o conflito deixa mais de 9.500 mortos, sendo 8.300 palestinos. Destes, mais de 60% são mulheres e crianças. A grande maioria das vítimas são civis inocentes.

Ataques a hospital

A imprensa local confirma os ataques, bem como veículos do mundo árabe como a Al Jazeera, do Catar. A Turquia não demorou a manifestar repúdio, disse ser “inexplicável”. “O cerco e esses ataques desumanos, que visam privar o povo palestino em Gaza de seus direitos mais básicos, violam claramente o direito internacional. Israel precisa parar de atacar os residentes de Gaza em massa, sem discriminação”, disse o ministério das Relações Exteriores turco.

Ainda conforme a imprensa local, os bombardeios israelenses causaram danos significativos. Incluindo um incêndio no terceiro andar, posteriormente controlado. Além disso, alguns sistemas eletromecânicos foram danificados, expondo tanto a equipe médica quanto os pacientes a perigos.

O governo turco financiou a construção do hospital entre 2011 e 2017, tornando-o o maior hospital da Palestina, com uma área de 34.800 metros quadrados e capacidade para 180 leitos.

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GAZETA DO SANTA CÂNDIDA, JORNAL QUE TEM O QUE FALAR

CAR-T CELL NO BRASIL: ANVISA AUTORIZA ESTUDO COM TRATAMENTO REVOLUCIONÁRIO CONTRA CÂNCER

Anvisa aprova estudo clínico de tratamento para leucemia e linfoma usando células CAR-T em pacientes brasileiros. Estudo é desenvolvido por pesquisadores brasileiros; calendário prevê ações até dezembro de 2024

Tratamento com terapia celular CAR-T Cell


A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou um ensaio clínico no Brasil com medicamento a base de células geneticamente modificadas, ou células CAR-T, que pode ser um avanço no tratamento contra o câncer no sangue.

O estudo clínico de fase 1/2 vai incluir 81 pacientes com leucemia linfoide aguda de células B e linfoma não Hodgkin de células B, com o produto de células CAR-T, deve ser realizada pela Fundação Hemocentro de Ribeirão Preto (FUNDHERP), em parceria com o Instituto Butantan e USP, com o apoio de instituições de fomento como a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). A aprovação foi divulgada no último dia 26, pela autarquia responsável pela defesa da saúde dos brasileiros.

A iniciativa será realizada gratuitamente em cinco hospitais do Estado de São Paulo, dentre eles o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HCFMRP) da USP e o Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP). Foram construídas duas unidades do Núcleo de Terapia Avançada (Nutera), em Ribeirão Preto e São Paulo.

O tratamento consiste em reprogramar as próprias células do paciente para atacar e destruir o câncer, em casos de reaparecimento da doença ou de resistência ao tratamento convencional.

As pesquisas estão em fase clínica inicial e sua segurança e eficácia serão avaliados, informou a Anvisa.


De acordo com a agência, a aprovação “envolve revisões frequentes dos dados e informações da pesquisa, com ações planejadas até dezembro de 2024, para monitorar de perto o desenvolvimento do produto”.

“Se os resultados forem bons, o objetivo é registrar o produto rapidamente para que as pessoas tenham acesso a uma opção de tratamento segura, eficaz e de alta qualidade disponível no SUS“, afirmou a agência.

Segundo informações do Instituto Butantan, o primeiro voluntário brasileiro a receber um tratamento experimental com células CAR-T, em 2019, apresentou remissão total de um linfoma em estágio terminal.

Esse tipo de terapia, criada nos Estados Unidos, vem sendo testada desde 2010. Nos Estados Unidos, os resultados positivos levaram à aprovação do tratamento pela agência reguladora americana Food and Drug Administration (FDA), em 2017.

Orientações de como participar do estudo clínico e informações sobre a terapia com células CAR-T estão no site: hemocentro.fmrp.usp.br/terapia.

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ISRAEL JÁ LANÇOU O EQUIVALENTE A QUASE DUAS BOMBAS DE HIROSHIMA EM GAZA

Desde 7 de outubro, o exército israelense lançou 20 mil toneladas de explosivos sobre a Faixa de Gaza, o que representa 1,5 vezes a potência da bomba utilizada em Hiroshima, no Japão, durante a Segunda Guerra Mundial. Mais de 200.000 edifícios foram danificados e 32.500 se tornaram inabitáveis. 203 escolas sofreram graves danos. 47 mesquitas foram demolidas e três igrejas atingidas. Segundo a Convenção de Genebra, é proibido atacar locais de culto, escolas e outras estruturas civis

Imagens de ataque israelense em Gaza. A noite virou dia [AFP]


O número de palestinos mortos na Faixa de Gaza chegou a 8.796, conforme a Unicef. Ainda segundo o órgão, do total de mortos, 3.648 são crianças. Os feridos superam 22 mil, além de 1,4 milhão de desabrigados e cerca de 50 mil grávidas sem condições básicas de sobrevivência.

Desde o dia 7 de outubro, o exército israelense lançou cerca de 20.000 toneladas de explosivos sobre a Faixa de Gaza, o que representa 1,5 vezes a potência da bomba utilizada em Hiroshima, no Japão, durante a Segunda Guerra Mundial.

Até agora, 47 mesquitas foram demolidas e três igrejas sofreram danos significativos devido aos ataques. Isso resultou em mais de 200.000 edifícios danificados, com 32.500 deles tornados inabitáveis. Além disso, 203 escolas sofreram graves danos, e 45 escolas estão atualmente fora de operação.

Devido à intensidade dos ataques, as estatísticas ainda não estão completas. Conforme as disposições da Convenção de Genebra, é proibido atacar locais de culto, escolas e outras estruturas civis. Israel argumentou que militantes se refugiam em ou ao redor desses edifícios.

Cerca de 35 jornalistas, 124 profissionais de saúde e 18 membros da defesa civil das equipes de resgate de emergência foram mortos nos ataques.


O sistema de saúde em Gaza enfrenta um severo colapso. Falta tudo: comida; água; energia e combustível. A Organização Mundial da Saúde (OMS) informou que crianças podem já estar morrendo de sede. Não há lugar seguro em Gaza. Apesar de Israel mandar todas as pessoas saírem do Norte de Gaza, região mais povoada, o país não segue sua palavra e ataca toda a região.

Além das bombas que caem aos milhares em Gaza, o exército israelense também promove sangrentas incursões por terra. Enquanto isso, o mundo clama pelo fim da sede de sangue de Israel. “Crianças não são alvo”, disse a ONU em nota divulgada ontem. Gaza, então, tornou-se um “cemitério de milhares de crianças”, segundo o porta-voz do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), James Elder.

Na última terça-feira, Israel promoveu um ataque massivo em um campo de refugiados do Norte de Gaza. Além de dezenas de civis, informações preliminares dão conta de que reféns do Hamas também morreram na investida. Israel argumentou que lá havia um integrante do Hamas.

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sexta-feira, 3 de maio de 2019

BRASIL CAMINHA PARA DÉCADA COM CRESCIMENTO MAIS FRACO EM 120 ANOS

Entre 2011 e 2020, economia brasileira deve avançar em média 0,9% ao ano, aponta FGV. Taxa é menor que o 1,6% da chamada 'década perdida', nos anos 1980.

Por Luiz Guilherme Gerbelli, G1


Prédio onde funciona o Ministério da Economia; letreiro anterior era do Ministério da Fazenda — Foto: Marília Marques/G1

A fraqueza da economia deve dar ao Brasil uma triste marca ao fim do ano que vem. A taxa média de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da atual década deve ser a mais baixa dos últimos 120 anos.

Mercado reduz estimativa de crescimento do PIB para 2019 e 2020

De 2011 a 2020, o crescimento médio do Brasil deve ser de apenas 0,9% ao ano, projeta um estudo do Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV). Se a previsão for confirmada, a economia brasileira vai registrar um desempenho mais fraco até mesmo do que o observado nos anos 1980, período chamado de "década perdida", quando o PIB avançou em média apenas 1,6% ao ano no período.

O levantamento do Ibre utiliza como base a série histórica do PIB apurada pelo Instituto de Pesquisas Econômica Aplicada (Ipea) e as projeções para 2019 e 2020 do relatório Focus, do Banco Central, que colhe a avaliação de analistas para a economia brasileira.

Taxas médias reais de crescimento anual em cada década
Dados em %


O desempenho atual é explicado, segundo os analistas, pela piora das condições macroeconômicas do Brasil. Desde 2014, a economia brasileira tem colhido sucessivos déficits nas contas públicas, o que levou a um aumento acelerado da dívida do país e, consequentemente, da desconfiança com a saúde financeira, afetando diretamente a taxa de crescimento da economia.

"Houve uma grande desarrumação da economia nesta década. Os erros de política econômica levaram a uma queda muito forte do PIB em alguns anos e agora produzem uma lenta recuperação", afirma o pesquisador do Ibre/FGV e responsável pelo estudo, Marcel Balassiano.


Em 2015 e 2016, por exemplo, a atividade econômica recuou 3,5% e 3,3%, respectivamente. Foi um marco negativo para a histórica econômica do país. O Brasil não registrava um dois anos seguidos de recessão desde 1930 e 1931, quando o mundo foi afetado pelos efeitos da crise econômica de 1929, quando ocorreu a quebra da bolsa de Nova York.

Para piorar o cenário da década atual, os sinais da lenta retomada estão se consolidando. Nos últimos dois anos, o PIB avançou apenas 1,1%. Em 2019, o desempenho da economia começou de forma lenta, e os analistas já reduziram a projeção de crescimento de 3% para 2%. Na última sexta-feira (22), o ministério da Economia também reduziu sua previsão de alta do PIB para este ano, de 2,5% para 2,2%.

PIB do Brasil cresce 1,1% em 2018 e ainda está no patamar de 2012


"A saída da recessão mais recente está mais difícil por algumas razões", afirma o economista-chefe da consultoria MB Associados, Sergio Vale. "Na saída da recessão, não tínhamos disponíveis os instrumentos clássicos de política monetária e fiscal para estimular a economia: a inflação estava em dois dígitos e o fiscal era a origem do problema."


Além dos problemas de características mais estruturais apontados pelos economistas, fatores pontuais têm prejudicado a retomada. Em 2018, a greve dos caminhoneiros e a incerteza com o quadro eleitoral afetaram a atividade. A desaceleração da economia mundial, sobretudo da Argentina, importante parceira comercial do Brasil, também está colaborando para minar uma retomada mais forte.


"Este ano ainda temos um pouco de resquícios desses choques: a Argentina e o mundo seguem em desaceleração, afetando o crescimento do começo de 2019", diz Vale.

O fraco desempenho do PIB na década atual


Foco no Fiscal


Se quiser acelerar o crescimento da economia nos próximos anos, o governo vai ter de endereçar a questão das contas públicas, de acordo com analistas. No centro do debate, está a reforma da Previdência. Ela é considerada fundamental para o acerto das contas do governo e, dessa forma, pode contribuir na atração de investimentos para acelerar o crescimento econômico.


A proposta apresentada pela equipe econômica liderada pela administração Bolsonaro projeta uma economia de R$ 1,16 trilhão em 10 anos. A equipe econômica e política do governo avalia que a proposta deve ser aprovada ainda no primeiro semestre.

Entenda a proposta da Previdência ponto a ponto

"O nosso problema fiscal é enorme e precisa ser resolvido para permitir a volta de algum crescimento mais robusto", afirma Balassiano, do Ibre – neste ano, a meta do governo é de um déficit de até R$ 139 bilhões.

Sem a aprovação da reforma, os analistas avaliam que o crescimento deste ano tende a ser ainda mais baixo do que os 2% projetados atualmente.

Crise dos anos 1980

Até a década atual, o período de mais baixo crescimento do país foi registrado nos anos 1980. Naquele período, a economia brasileira enfrentou uma combinação perversa.

No cenário internacional, houve uma piora das condições financeiras, com alta de juros pelas principais economias. Internamente, o Brasil passava pelo período de redemocratização, lidando com um quadro de baixo crescimento, descontrole fiscal e aumento da inflação - o país enfrentou vários planos de estabilização.

"Entre os principais fatores que levaram ao quadro de instabilidade dos anos 80 está o esgotamento do modelo de industrialização promovido pelo Estado desde os anos 30, com um endividamento público agudo", afirma a economista e sócia da consultoria Tendências, Alessandra Ribeiro.

Em 1987, o governo brasileiro chegou a declarar moratória e suspendeu o pagamento de credores internacionais.

PALESTRA DA FIOCRUZ TRAÇA HISTÓRICO DA PROMOÇÃO À SAÚDE

Como parte da 1ª Conferência de Promoção da Saúde da Fiocruz, que aconteceu na Tenda da Ciência, na segunda-feira (8/4), o ex-presidente da Fundação e diretor do Centro de Relações Internacionais em Saúde, Paulo Buss, apresentou a palestra magna Promoção da Saúde, atenção básica e interface com a Agenda do Desenvolvimento 2030 e seus ODS.


“É preciso entender a promoção à saúde não só com foco no indivíduo e no que conhecemos como comunicação em saúde, mas como uma forma de olhar para a saúde como um todo”, explicou Buss (foto: Peter Ilicciev)

Em sua fala, Buss apresentou a promoção à saúde como uma das principais estratégias a atenção primária em saúde, Buss destacou quatro marcos internacionais da trajetória desta abordagem: a Conferência de Alma-Ata, em 1978, a Carta de Ottawa, em 1986, a Conferência de Astana, em 2018 e a Agenda dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, estabelecida pela ONU em 2015.

“É preciso entender a promoção à saúde não só com foco no indivíduo e no que conhecemos como comunicação em saúde, mas como uma forma de olhar para a saúde como um todo”, explicou.

Alma-ata: um marco na saúde

A Conferência de Alma-Ata, que ocorreu no Cazaquistão em 1978, é considerada um marco fundamental na história da saúde. Nela, pela primeira vez, a Atenção Primária foi reconhecida como função central e foco principal dos sistemas de saúde. Além disso, sua declaração reafirma a saúde como um direto humano fundamental e “a mais importante meta social mundial”.

“Alma-Ata é também uma crítica à ineficiência e à ineficácia dos sistemas de saúde de então e ao modelo praticado pela Organização Mundial da Saúde, que se organizava por campanhas de erradicação de doenças”, explicou Buss, que esteve na Conferência, onde também foram reconhecidas as profundas desigualdades entre os países e no interior dos mesmos e se estabeleceu a meta de “Saúde para todos” até 2000.

“Foi uma reunião sem precedentes”, resumiu o ex-presidente da Fiocruz. “Acessibilidade universal, equidade, integração da prevenção e tratamento, responsabilidade do governo pela saúde das populações e participação da comunidade estavam no centro do debate”.

Astana: a reafirmação de um compromisso

Quarenta anos depois dessa conferência histórica, em 2018, uma nova conferência, também no Cazaquistão, buscou reafirmar os seus preceitos. “A Conferência de Astana teve como objetivo reafirmar o compromisso com a Atenção Primária em Saúde, mas de forma compatível com o atual momento, tendo como foco a Agenda 2030 e seus objetivos”, explicou Buss, que foi um dos representantes do Brasil no evento.

Em seu documento final, conferência destacava a “cobertura universal” como a principal meta a ser atingida. Os representantes do Brasil no evento, no entanto, colocaram algumas críticas a esse conceito, preferindo se referir à ideia de acesso universal, em consonância com o preceito de universalidade do SUS. Esta posição foi exposta em documento entregue aos participantes da reunião e publicado na revista Cadernos da Saúde Pública.

Conferências sobre promoção à saúde: de Ottawa a Shangai

A Conferência de Ottawa, em 1986, foi a primeira Conferência Internacional sobre Promoção à Saúde e estabeleceu, em sua carta final, campos de ação para a área. De acordo com o documento, a promoção à saúde consiste em: elaboração e implementação de políticas públicas saudáveis, criação de ambientes favoráveis à saúde, reforço de ação comunitária, desenvolvimento de habilidades pessoais e reorientação dos sistemas e serviços de saúde.

Após essa primeira conferência, outras oito foram realizadas em diferentes partes do mundo para abordar cada um desses aspectos e seus desdobramentos. O reconhecimento de que a promoção à saúde depende de um esforço intersetorial de diversas políticas e de que eram necessários ambientes saudáveis para uma população saudável foram algumas das principais contribuições das conferências de Adelaide, Sundsval, Jakarta, Cidade do México, Bangcok, Nairobi, Helsinque e Shangai, segundo o ex-presidente da Fiocruz.

A partir dessas discussões, as políticas de trabalho, previdência, educação, habitação, saneamento, entre outras, passaram a ser reconhecidas como políticas que interferem na saúde da população. Estes múltiplos fatores são conhecidos como os “determinante sociais da saúde” e foram debatidos em uma conferência própria, realizada em 2011, no Rio de Janeiro, que produziu como documento final a Declaração Política do Rio sobre Determinantes Sociais da Saúde.

Outros aspectos importantes trazidos por essas conferências foram a reafirmação da importância da ação comunitária, da comunicação em saúde e da reorientação dos sistemas de saúde, com foco na atenção primária, para a promoção em saúde. “Comunidade e justiça social são dois conceitos norteadores para a promoção da saúde”, afirma Buss.

Agenda 2030

Atualmente, a ONU coloca como sua principal agenda a implementação dos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) até 2030. Traçados para após o fim do prazo dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), em 2015, os ODS foram aprovados por todos os Estados-membros das Nações Unidas em sua Assembleia Geral e representam um esforço conjunto para lidar com os maiores desafios do mundo.

“Os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável apresentam como característica a interpenetração. Geralmente, eles são apresentados lado a lado, mas para mim, a melhor metáfora para demonstrar esse aspecto é a do quebra-cabeça”, define Paulo Buss.

O Objetivo 3 trata especificamente da saúde, no entanto, o tema também está presente, direta ou indiretamente, em todos os outros objetivos. A saúde é considerada, ao mesmo tempo, uma pré-condição, um resultado e um parâmetro para o monitoramento da Agenda 2030.

O desafio no momento é fazer com que esta Agenda seja conhecida e chegue aos territórios. Buss chama de “localização” este processo de levar em consideração os contextos subnacionais para realização da Agenda 2030, o que inclui a definição de meta locais.

Buscando contribuir para esse processo, a Fiocruz estabeleceu em 2017 a Estratégia Fiocruz para a Agenda 2030 (EFA2030). Coordenada pelo ex-presidente Paulo Gadelha, e EFA2030 tem entre suas ações a promoção de Territórios Saudáveis e Sustentáveis junto às comunidades tradicionais.

Fonte: Dias J. Palestra na Fiocruz traça histórico da promoção à saúde. Rio de Janeiro: Agência Fiocruz de Notícias; 2019 Abr 10. [acesso em 11 abr 2019]. Disponível em: https://agencia.fiocruz.br/palestra-na-fiocruz-traca-historico-da-promocao-saude
Julia Dias

domingo, 3 de fevereiro de 2019

"DESPEDIDA" DO HELICÓPTERO DO AEROMÉDICO EM TAILÂNDIA

O prefeito da cidade e a Helisul, tiveram mais de 800 mil reais bloqueados pela Justiça.

Foto: Divulgação

Um vídeo divulgado no fim da tarde desta quarta-feira (30), pelo prefeito de Tailândia Paulo Liberte Jasper – Macarrão (PDT), no Facebook, mostra o último voo do helicóptero do aeromédico na cidade.


A aeronave foi devolvida a empresa Helisul Aviação, após o contrato ser interrompido por determinação Judicial.

O prefeito da cidade e a Helisul, tiveram mais de 800 mil reais bloqueados pela Justiça, por supostas irregularidades no contrato do aeromédico. Outras três pessoas, também foram denunciadas pelo Ministério Público Estadual.

sábado, 16 de julho de 2016

10 curiosidades sobre a tragédia de Pompeia


Após a erupção do Monte Vesúvio, em 24 de agosto do ano 79, toda a cidade de Pompeia, na baía de Nápoles, na Itália, foi sepultada e esquecida até meados do século 18. Hoje, é um dos sítios arqueológicos mais emblemáticos do mundo e ocupa um lugar especial na imaginação das pessoas.

Quando o gás vulcânico e as cinzas atingiram Pompeia e selaram seu destino, a cidade foi “pausada” no tempo. Quando o sítio foi redescoberto, o seu excelente estado de conservação se tornou aparente. Em termos de volume de dados arqueológicos detalhados, nenhum outro sítio arqueológico pode rivalizar com Pompeia.


Esta lista contém 10 fatos interessantes que permitirão que recriemos em nossas mentes alguns detalhes fascinantes desta incrível e lendária cidade.

10. Bordéis

As escavações em Pompeia identificaram cerca de 25 edifícios onde a prostituição era praticada. A maioria destes lugares era composta apenas por um quarto individual, mas há um edifício conhecido como Lupanar (“lupa” em latim significa loba e é uma gíria para prostituta), que era relativamente grande e altamente organizado.

O Lupanar tem dois níveis, com cinco quartos em cada um deles. Os arqueólogos acreditam que este edifício funcionava como um bordel desde o início. O interior é decorado com pinturas eróticas que visavam provocar a imaginação dos clientes.

Com base nos estudos de nomes das prostitutas preservados em grafite, acredita-se que elas eram escravas, a maioria grega ou oriental. A taxa cobrada era relativamente razoável: o equivalente a alguns copos de vinho.

9. Graffiti, eleições e sinais

Pompeia ainda preserva um grande número de graffiti e pinturas em suas parede, que oferecem-nos uma rara oportunidade de ler diretamente as palavras e pensamentos da sociedade romana antiga. A natureza dessas inscrições é ampla, variando de mensagens privadas até diversos tipos de comunicações, tais como avisos eleitorais. Abaixo, alguns exemplos:

“Eu não me importo sobre a sua gravidez, Salvilla; Eu a desprezo”. [Mensagem privada]

“Se você vai lutar, saia!” [Escrito na parede de uma taberna]

“O grupo de gladiadores de Aulus Suettius Certus vai lutar em Pompeia em 31 de maio. Haverá uma caça e barracas”. [Anúncio]

“Parede, estou espantado que você não tenha caído em ruínas por suportar os rabiscos tediosos de tantos escritores”. [Encontrado em quatro paredes diferentes]

“Myrtis, você chupa bem”. [Encontrado em um prostíbulo]

Há também uma série de anúncios eleitorais, normalmente pintados nas paredes em locais centrais e áreas ocupadas para maximizar sua exposição. Nem todos eram favoráveis aos candidatos. Uma amarga ironia era praticada com frequência:

“Todos os bebedores boêmios pedem que você eleja Marcus Cerrinius Vatia como magistrado da cidade”.

“Os pequenos ladrões pedem que você eleja Vatia como magistrado da cidade”

8. Primeiras ocupações

Embora Pompeia seja identificada como uma cidade romana, os arqueólogos têm boas razões para acreditar que o local tenha sido anteriormente ocupado pelos gregos. Os mais antigos vestígios arquitetônicos da cidade, datados do século VI aC, são fragmentos de um templo grego dórico.


Isto é consistente com o fato de que durante o século VI aC, a área costeira onde Pompeia está localizada teve assentamentos de vários postos avançados gregos. Pompeia tornou-se parte do mundo romano alguns séculos mais tarde.

Há evidências de ocupações ainda mais antigas também, mas os vestígios arquitetônicos parecem indicar que os gregos foram o primeiro grupo que conseguiu construir edifícios ainda identificáveis hoje. Os colonos originais, quem quer que fossem, não perceberam que a terra que ocupavam havia sido formada por uma erupção anterior do Vesúvio.

A impressionante fertilidade do solo era, de fato, o resultado de material vulcânico depositado pela atividade do Vesúvio. Seria interessante saber quantas comunidades antes de Pompeia sofreram o mesmo destino violento.

7. Alertas da erupção

A maioria de nós já ouviu falar sobre a erupção devastadora que enterrou Pompeia, mas é menos conhecido o fato que a cidade recebeu alguns alertas precoces sobre o desastre que estava por vir. Em 62 dC, Pompeia foi seriamente danificada por um terremoto.

Seus habitantes não sabiam a razão por trás disso, mas nós sabemos: o choque foi o resultado de uma pluma de magma em movimento sob o Monte Vesúvio. Durante os anos anteriores à erupção, Pompeia foi afetada por terremotos menores de forma bastante frequente. O Vesúvio estava prestes a acordar.

6. Um vívido relato em primeira mão


Plínio, o Jovem testemunhou a erupção de uma distância segura e escreveu o que viu, deixando para nós um registro em primeira mão valioso e realmente vívido da erupção que enterrou Pompeia. Plínio estava hospedado em Misenum, uma cidade localizada na baía de Nápoles, no lado oposto de Pompeia.

De acordo com seu relato, uma nuvem de forma estranha sobre a localização de Pompeia chamou sua atenção durante o início da manhã de 24 de agosto de 79. Plínio descreveu a nuvem como um guarda-chuva com aparência de pinho com um tronco longo vertical e um topo plano. Seu relato afirma que ele sentiu uma série de terremotos durante a noite.

Ao amanhecer de 25 de agosto, ele deixou a casa onde estava vivendo, com medo de que ela poderia entrar em colapso. Ele também viu o mar sendo sugado a partir da costa, como resultado de outro forte terremoto, “deixando as criaturas do mar encalhadas na areia seca”.

As águas voltaram para a costa depois de um tempo. Mais tarde, o vento mudou e trouxe a nuvem vulcânica em cima de Misenum, deixando a cidade na escuridão.

5. A força da erupção

É um fato bem conhecido que a erupção do Monte Vesúvio teve uma força cataclísmica, mas quão forte exatamente? Perguntas como esta nunca são fáceis de responder. A melhor estimativa, neste caso, afirma que as erupções tiveram uma força de 500 vezes a da bomba atômica lançada sobre a cidade de Hiroshima, no Japão.


O poder devastador do Monte Vesúvio foi considerado proverbial por algumas pessoas. Martial, um antigo poeta romano, escreveu: “Tudo em volta do Vesúvio está submerso em chamas e cinzas tristes; nem mesmo os deuses acima gostariam de ter tanto poder” (Epigramsa 4.44.7-8)

4. Baixas


A contagem de corpos em Pompeia está entre 1.000 a 1.500 cadáveres, mas considerando que as primeiras escavações são mal registradas, estes números não são confiáveis. Se somarmos os corpos não registrados mais os corpos ainda a serem descobertos nas áreas não escavadas, o número de vítimas estimado sobe para cerca de 2.500.

É impossível saber o número de pessoas que fugiram durante a erupção. Isso significa que a contagem de corpos estimada, embora seja uma informação relevante, tem pouco ou nenhum uso no quesito descobrir a população total de Pompeia.

3. Consequências da erupção


Alguns dos detalhes sobre a sequência de eventos que se seguiram à erupção estão disponíveis para nós graças à pesquisa geológica recente. Depois que o Monte Vesúvio acordou em 24 de agosto de 79, uma espessa nuvem de cinzas vulcânicas se moveu em direção a Pompeia, depositando uma camada de cinzas e detritos em cima das ruas e edifícios.

Conforme as cinzas e resíduos vulcânicos continuaram a cair sobre a cidade, alguns dos edifícios e estruturas começaram a sucumbir. Eles começaram a ceder quando o peso do material vulcânico acumulado tornou-se cada vez mais e mais pesado. Neste ponto, a camada de cinza pode ter tido cerca de 2,8 metros de espessura. Os habitantes de Pompeia também foram capazes de sentir alguns tremores intensos da Terra, e o calor da encosta do Vesúvio deve ter sido perceptível.

Em 25 de agosto, possivelmente por volta das 7:30 da manhã, um fluxo piroclástico alcançou Pompeia, destruindo as moradias ao redor da cidade. Uma segunda onda de gás quente vulcânico e pedra movendo-se a 100 quilômetros por hora atingiu Pompeia um pouco mais tarde, desta vez transbordando os muros da cidade e matando todos os seres vivos lá dentro.

Mais algumas ondas se seguiram. No momento em que estava tudo acabado, Pompeia foi enterrada sob 5 metros de material vulcânico. As pontas dos edifícios mais altos eram a única coisa visível.

2. Redescoberta acidental


Pompeia foi redescoberta acidentalmente em 1594, durante a escavação de um canal de água. Por puro acaso, os trabalhadores descobriram afrescos nas paredes e uma inscrição contendo o nome da cidade.

Naquela época, o nome Pompeia foi interpretado como uma referência a Pompeu, o Grande, um renomado comandante militar romano que viveu no primeiro século aC. Como resultado desse erro, os restos descobertos foram inicialmente interpretados como fragmentos de uma casa grande que (supostamente) pertencia a Pompeu, o Grande.

1. Moldes de gesso conservados


Quando o arqueólogo italiano Giuseppe Fiorelli assumiu o controle das escavações em Pompeia, em 1863, notou a ocorrência regular de espaços vazios ocasionais nas camadas de cinza vulcânica. O tamanho e forma destas áreas vazias eram consistentes com o tamanho e a forma de corpos humanos.

Ele então percebeu que os vazios eram o resultado de corpos humanos que haviam sido decompostos, deixando para trás uma pista nas cinzas. Em 1870, ele desenvolveu uma técnica que permitia recuperar a forma dos corpos mortos através da injeção de gesso para dentro das cavidades.

Os vazios atuaram como um molde, e o produto final foi a recriação da forma das vítimas com precisão surpreendente. Esta técnica foi melhorada mais tarde, utilizando uma fibra de vidro transparente em vez de gesso.

A fibra de vidro tem uma vantagem: os restos nas cavidades (por exemplo, ossos e vários artefatos) foram mantidos dentro do molde, de forma visível. Centenas de moldes de gesso podem ser vistos hoje, tanto nas ruínas de Pompeia quanto no Museu Arqueológico de Nápoles. [Listverse]


Jéssica Maes

Jornalista de 24 anos, acompanha mais seriados do que deveria, é abastecida por doces e livros e sempre acreditou no Snape.

HypeScience

sexta-feira, 17 de junho de 2016

MOBILIZAÇÃO POPULAR É RASTILHO DE PÓLVORA CONTRA O GOLPE, DIZ SOCIÓLOGO

“Onde os movimentos foram para a ofensiva, houve recuo de Temer. Onde não houve ofensiva, não acontece nada, continua o jogo da direita avançando”, afirma professor da Unicamp

                                 
               REPRODUÇÃO/YOUTUBE

Laymert: 'Golpistas achavam que iam fazer a coisa suave e com uma aparência de legalidade. Mas isso não colou'


São Paulo – Três semanas após a votação que afastou a presidenta Dilma Rousseff, dois fenômenos merecem destaque, segundo o sociólogo Laymert Garcia dos Santos, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). “O primeiro é que a grande ficha começou a cair, com a reação dos movimentos organizados, mas também de setores que a gente não esperava que tivessem tanta energia, mas tiveram uma reação enorme e muito importante. Do ponto de vista do golpe, constatamos que eles têm que fazer tudo correndo, porque sabem que o relógio corre contra eles, com o crescimento da mobilização popular, diz.

“Onde os movimentos foram para a ofensiva, houve recuo de Temer. Onde não houve ofensiva, não acontece nada, continua o jogo da direita avançando.” Ele menciona como exemplos de ofensivas bem-sucedidas na reação contra o golpe os casos das mulheres (Temer voltou atrás da extinção da secretaria), da habitação (recuo nos cortes no Minha Casa, Minha Vida) e cultura (recriação do ministério).

“Apesar da mídia, a cada dia que passa você tem uma situação de rastilho de pólvora contra o golpe. Isso, do ponto de vista interno”, avalia. “Do ponto de vista externo, depois daqueles episódios grotescos do Congresso (ao votar o impeachment), houve uma reação internacional. Isso foi uma surpresa para os golpistas, que achavam que iam fazer a coisa suave e com uma aparência de legalidade. Mas isso não colou nem interna, nem externamente.”

Em entrevista à RBA em março, portanto antes do golpe, o sociólogo disse que os movimentos sociais e populares só conseguiriam obter resultados se fossem para o ataque. “A resistência não pode ser só uma coisa defensiva, tem que avançar”, afirmou.

O segundo ponto de destaque, com Dilma afastada, “foi a rapidez com que o golpe dentro do golpe se declarou”, diz o sociólogo. “Ou seja, o conflito entre os golpistas e a tentativa de transferir o poder ao PSDB – que não tinha o cacife que tinha o baixo gangsterismo do PMDB para consumar o golpe –, mas que agora quer o poder. Eu chamo de golpe dentro do golpe a tentativa de criminalizar o PMDB, que já era criminoso desde lá atrás, para transferir o poder para o PSDB”, avalia. “Tudo isso está na mídia internacional. O golpe sai do baixo clero bandido e vai para o alto clero bandido, que são os interlocutores dos americanos e da alta finança. Os outros (PMDB) foram massa de manobra nessa história, e agora vão ser queimados.”


A atuação do Judiciário está agora muito mais clara, na opinião de Laymert. “O problema principal para mim, desde meses atrás, era a Procuradoria-Geral de República e o papel do STF. Agora já escancarou que as altas instâncias do Judiciário são golpistas. Neste segundo momento, o que me espanta mais é a velocidade com que isso se explicitou, através dos vazamentos. Mas também isso faz parte da luta pelo poder dentro do golpe.



MTST e Povo Sem Medo


Segundo o sociólogo, a “vitória” do MTST e Frente Povo sem Medo, em decorrência de sua mobilização, é importante do ponto de vista simbólico e político. A manifestação na frente da casa de Temer, em São Paulo, e depois a ocupação do escritório da Presidência da República, também na capital paulista, são dois exemplos de atos vitoriosos, em sua opinião. “Esses atos tiveram uma carga de densidade enorme e demonstram grande inteligência política.”

O mesmo se aplica às mulheres. “Eu não esperava que a politização das mulheres fosse tão forte a ponto de demonstrarem capacidade de mobilização nacional.” Para Laymert, as associações políticas feitas por elas também demonstraram inteligência política.

“Elas fizeram uma ligação, que tem tudo a ver, entre o estupro do Rio de Janeiro e o estupro, digamos, político que foi o golpe. E, mais, fizeram a ligação entre Gilmar Mendes e (Roger) Abdelmassih (médico acusado de abusar sexualmente de pacientes) e Bolsonaro. Elas fizeram ainda associações que mostram sempre a questão que está por trás do estupro, que é a impunidade.”

As ocupações em escala nacional de prédios do Ministério da Cultura e do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e da Funarte, pelos artistas, também surpreenderam positivamente. “A gente não esperava que isso acontecesse com essa velocidade.”

LAYMERT GARCIA DOS SANTOS

MENOS GUARDAS MUNICIPAIS, MAIS INSEGURANÇA EM CURITIBA


terça-feira, 7 de junho de 2016

ABRAJI REPUDIA ASSÉDIO JUDICIAL À GAZETA DO POVO




A Abraji repudia a retaliação de magistrados e promotores do Paraná ao jornal Gazeta do Povo e cinco de seus profissionais, iniciada no começo deste ano. Em reação a reportagens publicadas em fevereiro de 2016 sobre suas remunerações, juízes e promotores paranaenses moveram 36 ações judiciais por danos morais. O número deve aumentar.

Os processos foram protocolados em Juizados Especiais, o que obriga os jornalistas Chico Marés, Euclides Lucas Garcia e Rogério Galindo, além do analista de sistemas Evandro Balmant e do infografista Guilherme Storck a comparecer a todas as audiências de conciliação. Como há ações em todo o estado, os profissionais já percorreram mais de seis mil quilômetros nos últimos dois meses, atendendo a 18 intimações.

A ação foi coordenada pela Associação dos Magistrados Paranaenses (AMAPAR) e pela Associação Paranaense do Ministério Público (APMP), conforme mostra áudio do presidente da AMAPAR, Frederico Mendes Junior a um grupo de juízes. O magistrado orienta os colegas a entrar, "na medida do possível", com ações individuais, usando modelo de petição criado para esse fim.

Segundo fontes da Gazeta, em uma das audiências o juiz de Paranaguá Walter Ligeiri Junior afirmou que "a Amapar não tem absolutamente nada com isso" e que o movimento partiu de um grupo de juízes. Ligeiri Junior alertou os profissionais da Gazeta de que "depois dessa, muitas outras seguirão. São 700 juízes preparando ação".

Surpreende que os magistrados e promotores ignorem a jurisprudência sobre essa forma de assédio judicial. Em 2008, a Igreja Universal do Reino de Deus aplicou a mesma tática de intimidação da imprensa, orientando fiéis de todo o país a mover ações contra a jornalista Elvira Lobato e a Folha de S.Paulo, frente à publicação de reportagem sobre empresas ligadas ao bispo Edir Macedo. À época, as mais de 90 ações judiciais por danos morais não prosperaram e em alguns casos houve condenação da Universal e de fiéis por litigância de má-fé, ou seja, abertura de processo para obter resultado ilegal ou apenas para prejudicar outra parte.

Parecem desconhecer, ainda, as regras de transparência estabelecidas por seus próprios órgãos de controle. Segundo o Art. 6º, inciso VII, item d) da Resolução 215/2015 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), a remuneração de juízes deve ser divulgada, por ser informação de interesse público. O mesmo se aplica aos vencimentos dos promotores, de acordo com o Art. 7º, inciso VII da Resolução 89/2012 do Conselho Nacional do Ministério Público.

Para a Abraji, os processos na Justiça não buscam a reparação de eventuais danos provocados pelas reportagens, mas intimidar o trabalho da imprensa e, por isso, são um atentado à democracia. A Abraji espera que as ações sejam julgadas improcedentes e a retaliação à Gazeta do Povo e a seus profissionais não continue. É inaceitável que magistrados e promotores coloquem o corporativismo acima de direitos fundamentais como a liberdade de expressão e o acesso a informações de interesse público.

Diretoria da Abraji, 6 de junho de 2016.


Escrito por Abraji

sábado, 4 de junho de 2016

PREFEITURA DE ALMIRANTE TAMANDARÉ DISTRIBUI MUDAS DE MORANGO AOS AGRICULTORES

Quase 61 mil mudas são distribuídas por meio do projeto da agricultura familiar da região


A Prefeitura de Almirante Tamandaré em parceria com a Secretaria de Agricultura da cidade distribuiu, na última semana, aproximadamente 61 mil mudas de morango aos agricultores do município. A entrega desses produtos faz parte do projeto municipal de subsidio e incentivo à agricultura familiar.

Os agricultores podem vender esses produtos em feiras livres, mercados municipais e na Casa do Agricultor. São 29 produtores de morango em Almirante Tamandaré, do total de mais de 300 agricultores cadastrados via CAD-PRO e cerca de 500 cadastrados via EMATER.

Além desse investimento feito por cada produtor, também há a doação de quase 9 mil mudas aos agricultores que serve como mais um incentivo à produção desses morangos. O prefeito Aldnei Siqueira e o secretário de Agricultura, Antônio Kotovski participaram da entrega das mudas.

MORRE MUHAMMAD ALI, O MAIOR DE TODOS OS TEMPOS

Muhammad Ali morre aos 74 anos. Uma das personalidades mais singulares e eloquentes de seu tempo, o tricampeão mundial e campeão olímpico excedeu os limites do boxe, lutou contra o racismo e combateu injustiças


Muhammad Ali


O tricampeão mundial e campeão olímpico de boxe Muhammad Ali morreu na noite desta sexta-feira (03) em Phoenix, nos Estados Unidos. A informação foi confirmada por um porta-voz da família, Bob Gunnell, e compartilhada nas páginas oficiais de Ali. O corpo será enterrado em Lousville, cidade natal de Ali, e numa uma entrevista coletiva neste sábado serão informados os procedimentos do funeral.

O ex-boxeador de 74 anos estava internado desde a quinta-feira em decorrência de problemas respiratórios. Foi a última de diversas internações pelas quais passou o norte-americano nos últimos anos por problemas como pneumonia e infecção urinária. Há mais de três décadas ele sofria de mal de Parkinson, e suas aparições públicas estavam cada vez mais raras.

Medalhista de ouro nos Jogos de Roma-1960, em sua única participação olímpica, Ali logo tornou-se pugilista profissional. O primeiro de seus três títulos internacionais foi conquistado em 1964. Ele terminou a carreira com 56 vitórias, 37 delas por nocaute, após 61 lutas.
Lenda

Como pugilista, o americano teve suas lutas mais famosas chamadas de “Rumble in the Jungle” –contra George Foreman em Kinshasa, capital do Zaire (hoje chamado de República Democrática do Congo), em outubro de 1974 – e “Thrilla in Manila” ante Joe Frazier, nas Filipinas. Ambas foram realizadas depois do auge físico do boxeador, que nem sempre teve esse nome.

Nasceu Cassius Marcellus Clay Jr. em Louisville, cidade do estado americano de Kentucky, em 17 de janeiro de 1942 e teve uma carreira amadora de sucesso, coroada com uma medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Roma em 1960, na categoria dos meio-pesados.

Foi após a Olimpíada que Clay se profissionalizou e teve rápida ascensão entre os pesados. Em apenas três anos, realizou 19 lutas e venceu 15 delas por nocaute. Seu primeiro cinturão veio no combate seguinte, contra Sonny Liston, por nocaute técnico. A luta ocorreu em fevereiro de 1964.

Na revanche, em maio de 1965, não havia mais Cassius Clay, mas Muhammad Ali. O pugilista recebeu seu nome muçulmano após integrar o grupo religioso chamado Nação do Islã, do qual fazia parte Malcom X, ativista que é creditado como seu mentor político.

O sucesso profissional continuou enquanto suas polêmicas fora dos ringues cresciam. Em oposição à Guerra do Vietnã, se recusou a integrar o exército dos Estados Unidos, foi sentenciado à prisão por cinco anos e suspenso do boxe por três anos pelo estado de Nova York em 1967.

Ali não chegou a ser detido, pois pagou fiança e aproveitou o tempo afastado do esporte para viajar pelo país criticando a guerra e lutando contra o racismo em palestras e em universidades diversas.

Liberado para lutar em 1970, Muhammad Ali sofreu sua primeira derrota como profissional no 32ª confronto da carreira, o primeiro contra o também invicto Joe Frazier. O evento ficou conhecido como “A luta do século” e definido por decisão unânime a favor de Frazier, que encarou Ali em outras duas ocasiões, perdendo ambas.

Os títulos mundiais, revogados após a suspensão, só foram recuperados por Ali no “Rumble in the Jungle” e mantidos até setembro de 1977, quando ele foi derrotado por Leon Spinks por decisão dividida. Ali ainda conseguiu reaver seus cinturões em revanche com Spinks em setembro de 1978. Uma aposentadoria temporária foi anunciada, porém interrompida para mais duas lutas, duas derrotas que encerraram a carreira do pugilista com um cartel de 56 vitórias e cinco derrotas (somente uma por nocaute).
Parkinson

Os anos tomando socos não foram gentis com Ali, que já sofria com tremores das mãos e dificuldade na fala pouco antes da sua aposentadoria. Sinais de que o Mal Parkinson diagnosticado anos depois tinha se manifestado anteriormente. A doença foi debilitando-o gradualmente, mas até o início dos anos 2000 o ex-pugilista era visto com certa regularidade em aparições públicas.

A mais significativa foi nos Jogos Olímpicos de Atlanta em 1996. Em segredo, a organização elegeu-o para acender a pira olímpica, mantendo-o fora até do último ensaio da cerimônia de abertura. Para a surpresa e emoção dos milhares presentes Estádio Olímpico de Atlanta, fora quem acompanhava pela televisão, Ali apareceu com a tocha em mãos, recebeu a chama e, com tremores agudos nas mãos, ergueu-a e usou-a para concluir o evento.

Atlanta não foi a última Olimpíada em que o ex-atleta deu as graças. Em Londres-2012, muito mais frágil fisicamente, Ali participou novamente da abertura como parte de um grupo de dignitários que acompanharam a bandeira olímpica ao palco da cerimônia. Ele estava acompanhado de sua quarta esposa, Lonnie, com quem se casou em 1986 e teve um filho adotivo. O ex-boxeador também teve quatro filhos com sua segunda esposa, Khalilah, duas filhas com a terceira, Veronica, e outras duas de relacionamentos extraconjugais.

VÍDEO:
informações de UOL e EFE

sexta-feira, 12 de junho de 2015

PEQUENOS AGRICULTORES DE COLOMBO RECEBEM CHAVES DA CASA PRÓPRIA

As chaves da casa própria foram entregues nesta quinta-feira (11) a cinco famílias de pequenos agricultores de Colombo, na Região Metropolitana de Curitiba. 

As moradias fazem parte do programa Minha Casa Minha Vida e receberam recursos de R$ 142,5 mil do governo do Paraná, por meio da Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar), Secretaria da Agricultura e do Abastecimento e Emater, governos federal e municipal. 

A prefeita Beti Pavin agradeceu pelo empenho do Governo do Paraná e por todo trabalho realizado na cidade. “Temos muitas parcerias aqui no município. Estamos bastante satisfeitos com a valorização da habitação no governo Beto Richa. Queremos nos unir cada vez mais para que mais famílias possam realizar o sonho da casa própria”, disse. 

A subgerente do escritório da Cohapar de Curitiba, Viviane Amarante, ressaltou que o trabalho nas áreas rurais do Estado ganhou destaque nacional. “Desde 2011, são mais de 13 mil famílias beneficiadas com moradias rurais. Nosso governo dá atenção aos pequenos produtores, que são responsáveis por grande parte da economia do Estado”, disse. 

Também participaram da entrega o gerente do escritório regional da Cohapar de Curitiba, Orlando Amarante; a assistente social Almari Neves Aguilar; o secretário municipal de Meio Ambiente, Márcio Roberto Toniolo; o engenheiro agrônomo José Ribeiro Júnior, além de funcionários da prefeitura. 

INVESTIMENTOS 

Já foram aplicados R$ 48 milhões em habitação no município de Colombo. São 2,1 mil famílias beneficiadas com moradias nas áreas urbana e rural, além de titulação de imóveis. 

Antônio Oliverio Gasparin, 70 anos, viúvo, vai morar na casa nova com a filha Alcione e disse que nunca teve uma casa tão boa quanto esta. Eles produzem verduras e vendem na Central de Abastecimento (Ceasa), mas Antônio disse que não conseguiria construir uma casa de alvenaria. 

“A gente trabalha muito, mas não ganha tanto para construir uma moradia, a gente ia ficar o resto da vida naquela casinha de madeira. Estou muito feliz”, contou. 

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

MORRE O POETA MANOEL DE BARROS EM CAMPO GRANDE

Manoel de Barros começou a esboçar os primeiros poemas aos 13 anos
Manoel de Barros começou a esboçar os primeiros poemas aos 13 anos
O poeta Manoel de Barros morreu nesta quinta-feira, em Campo Grande. 

Considerado um dos maiores autores da língua portuguesa, ele estava internado desde o último dia 24, no Hospital Proncor, da capital sul-mato-grossense, devido a uma obstrução intestinal. Segundo a assessoria do hospital, o poeta faleceu às 8h05, devido à falência múltipla de órgãos.

Conhecido pela linguagem coloquial, à qual chamava de idioleto manoelês archaico, e por buscar inspiração nos temas mais simples e banais, Barros dizia ser possível resumir sua trajetória de vida em poucas linhas. “Nasci em Cuiabá (à época, 1916, dezembro. Me criei no Pantanal de Corumbá (MS). Só dei trabalho e angústias pra meus pais.

 Morei de mendigo e pária em todos os lugares da Bolívia e do Peru. Morei nos lugares mais decadentes por gosto de imitar os lagartos e as pedras. Publiquei dez livros até hoje. Não acredito em nenhum. Me procurei a vida inteira e não me achei, pelo que fui salvo. Sou fazendeiro e criador de gado. Não fui pra sarjeta porque herdei. Gosto de ler e de ouvir música, especialmente Brahms. Estou na categoria de sofrer do moral, porque só faço poesia”, escreveu o autor.

Barros começou a esboçar seus primeiros poemas aos 13 anos de idade. Seu primeiro livro, intitulado Poemas, foi publicado em 1937, quando o autor tinha 21 anos. Pouco afeito à política partidária, chegou a integrar o Partido Comunista Brasileiro, mas por pouco tempo. Desde a década de 1950, conciliava a literatura com a gestão da fazenda que herdou dos pais.

Perfeccionista, conquistou os prêmios literários Jabuti (1989 e 2002); Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) (2004); Nestlé (1997 e 2006); Alfonso Guimarães da Biblioteca Nacional (1996) e Nacional de Literatura, concedido pelo Ministério da Cultura ao conjunto de sua obra, em 1998. Em 2000, foi agraciado com o Prêmio Academia Brasileira de Letras, pelo livro Exercício de Ser Criança.

Os governos de Mato Grosso – onde o poeta nasceu, e do Mato Grosso do Sul – onde Barros vivia, decretaram luto oficial de três dias. Em nota, o governador sul-mato-grossense, André Puccinelli, diz que a obra de Barros divulgou as belezas e as potencialidades do estado, “enriquecendo assim, a história da literatura e a cultura do local que ele escolheu para viver ao lado de sua esposa.”

Também em nota, o Ministério da Cultura lamentou a morte do poeta e manifestou solidariedade aos parentes, amigos e leitores de Barros. “Simples, de poesia delicada e repleta de seu imaginário pantaneiro, Manoel de Barros jamais será esquecido – ao contrário do que dizem estes seus versos: “Quando o mundo abandonar o meu olho. Quando o meu olho furado de beleza for esquecido pelo mundo. Que hei de fazer.”

Nas redes sociais, o diretor da Fundação Manoel de Barros, Marcos Henrique Marques, comentou que toda a equipe da instituição está triste, mas continuará a honrar e divulgar a obra do poeta. “O homem Manoel de Barros foi finito como todos nós, mas o poeta e suas obras – pautadas em seu belo sorriso, simplicidade, amor e criatividade, vão permanecer para sempre, gerações após gerações”.

Barros costumava brincar com a importância da poesia: “Sempre que desejo contar alguma coisa, não faço nada; mas se não desejo contar nada, faço poesia”. Trechos de seus poemas são frequentemente citados pela perspicácia e bom humor.

 Desde que foi internado, dois versos, em particular, estão sendo bastante citados na mídia e em redes sociais: “Não preciso do fim para chegar” e “Do lugar onde estou já fui embora”, ambos da obra Livro Sobre Nada, de 1996.
CORREIO DO BRASIL