Duas grandes roubalheiras comprometeram o progresso e o
desenvolvimento do povo paranaense para favorecer políticos corruptos.
A
quebra do Banestado e a venda do Bamerindus seguiram roteiros
parecidos, favorecendo verdadeiras quadrilhas organizadas em torno da
política local, estadual e nacional.
Na verdade, os maiores ladrões do
Brasil não estão nas penitenciárias e delegacias, mas soltos, nas
colunas sociais.
O Bamerindus, em 1997, presidido na época por José Eduardo de Andrade
Vieira, sofria ataques sistemáticos da mídia e boatos sobre possível
inadimplência.
Em alguns setores e corredores palacianos dava-se como
certa a “quebra do Bamerindus”. Entretanto, a realidade era outra, o
banco paranaense tinha 1.241 agências, ativos de mais de 10 bilhões de
reais e uma das maiores e rentáveis seguradoras do país.
O que aconteceu
para que o banco fosse entregue de mão beijada ao HSBC? Hoje,
finalmente, o livro “Privataria Tucana” revela os bastidores da campanha
para tirar o Bamerindus dos paranaenses: o ex-ministro das
Comunicações, Sérgio Mota, havia pedido 100 milhões de reais ao
banqueiro José Eduardo de Andrade Vieira como doação para a campanha de
FHC.
O banqueiro disse não, embora colocasse avião com piloto à
disposição da campanha e fizesse outras doações em dinheiro.
Meses depois da campanha o HSBC recebeu dinheiro do governo – na
surdinha – para comprar o Bamerindus:
431,8 milhões de reais do Banco
Central foram entregues ao HSBC para reestruturar o Bamerindus e saldar
dívidas de reclamações trabalhistas. Além do dinheiro, o Banco Central
limpou a parte problemática da carteira imobiliária, repassada para a
Caixa Econômica Federal, que por sua vez recebeu 2,5 bilhões do Proer.
Ou seja, o Brasil comprou o Bamerindus para o HSBC e o Paraná perdeu um
dos maiores bancos do país.
Com o Banestado o escândalo foi ainda maior. O maior desvio de
dinheiro na história do Paraná chega a de 19 bilhões de reais durante o
governo Jaime Lerner, com a quebra do Banestado, um dos bancos mais
fortes e promissores do país, com 70 anos de trabalho financiando o
progresso do nosso Estado. A “quebra” do Banestado foi um processo
rápido e serviu para enriquecer quadrilhas organizadas e políticos de
dentro e de fora do banco.
O Banestado foi quebrado numa espécie de “queima de arquivo” para
esconder falcatruas e roubalheiras com o dinheiro público. Doleiros
presos nos anos que se seguiram confessaram que entregavam dinheiro
vivo, fruto da roubalheira, ao ex-governador e deputados da sua base de
apoio na Assembleia Legislativa do Estado do Paraná.
Este caso precisa ser relembrado porque não foi devidamente tratado pela chamada “grande” imprensa.
Estas informações foram publicados no livro “Histórias sobre
Corrupção e Ganância” do corajoso jornalista Wilson J. Gasino, baseado
na CPI do Banestado instalada na Assembleia Legislativa sob a
presidência do deputado Neivo Beraldin. Portanto, são fatos reais, fruto
de mais de seis meses de pesquisas na documentação levantada pela CPI.
Os paranaenses precisam saber desses fatos porque estão pagando a
conta, até o ano de 2029. Dinheiro roubado que faz falta na construção
de presídios (contratação de policiais) escolas, universidades, postos
de saúde etc., está sendo usado para pagar o maior roubo da história do
Paraná. E os ladrões – na maioria políticos - estão impunes, gastando o
dinheiro roubado, rindo do povo paranaense e da Justiça, de quem
roubaram essa grande fortuna.
A roubalheira no Banestado não parou por aí. O banco depois de
saqueado por corruptos foi vendido ao Itaú, mas a dívida, o prejuízo,
ficou para o povo paranaense, que vai pagar até 2029 o dinheiro roubado,
e o banco comprador, o Itaú, ficou só com a parte boa, com o lucro
abusivo de dívidas avaliadas à menor.
“O Relatório Final da CPI do Banestado, com 1.142 páginas foi
entregue à sociedade em dezembro de 2003 e encaminhado ao Ministério
Público, que propôs várias ações, das quais já resultaram dezenas de
condenações, inclusive de diretores e ex-presidentes do Banestado.
O
livro “Histórias sobre Corrupção e Ganância” resulta de mais de seis
meses de pesquisas na documentação levantada pela CPI e conversas com o
deputado Neivo Beraldin, conta algumas das histórias mais
impressionantes, citando nomes dos envolvidos (funcionários, diretores,
políticos e empresários), valores, modus operandi e até as ações e
condenações já existentes na Justiça.
O livro conta, também, os
bastidores das disputas e manobras que muitas vezes ficam longe do
conhecimento da sociedade, mas que configuram uma verdadeira guerra
travada nas trincheiras políticas”.
Após o lançamento deste livro, ele misteriosamente “desapareceu” das
livrarias. Alguns dos favorecidos na roubalheira do Banestado correram
para comprar os exemplares editados para impedir a população de ter
acesso às informações e denúncias publicadas. Felizmente algumas dezenas
de livros foram salvos e estão disponíveis em diversos sebos da cidade.
Trata-se de um livro raro, essencial para aqueles que desejam saber
onde foi parar os mais de 19 bilhões roubados do povo paranaense no
governo Jaime Lerner, de triste memória.
Políticos corruptos roubaram dois bancos do povo do Paraná. Bancos
que financiavam o progresso e o desenvolvimento dos paranaenses. Os
ladrões continuam impunes, frequentando as colunas sociais da mídia
incompetente.