Atos
ocorriam sem violência até a chegada de integrantes do Black Bloc. No
Rio, a polícia só agiu meia hora após o ataques. Em São Paulo, pelo
menos dez foram presos
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"Black Blocs depredam e
incendeiam lateral da Câmara
dos Vereadores, no centro da
capital fluminense"
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O centro das duas principais cidades do País, São Paulo e Rio, foi
palco novamente de confrontos violentos na noite desta segunda-feira, 7.
Inicialmente convocados em apoio aos professores do Rio - que entraram
em confronto na
semana passada com a Polícia
Militar-,os atos corriam
pacificamente, até a intervenção de grupos Black Blocs.
Dezenas de
mascarados atiraram pelo menos 20 coquetéis molotov dentro da Câmara
Municipal do Rio (na Cinelândia), durante manifestação em apoio à greve
dos professores.
O grupo ainda tentou invadir o prédio e destruiu
bancos, lojas e bancas de jornal.
O edifício onde funciona o Clube
Militar foi atacado e teve a portaria e o primeiro andar incendiados.
Outro grupo ateou fogo em um ônibus. A 200 metros do local, tropas da PM
assistiam ao ataque sem interferir. Só agiram 30 minutos após o início
do ataque, com bombas de efeito moral.
A violência dos
mascarados, vinculados ao grupo Black Bloc, e a apatia dos policiais
militares marcaram a manifestação, iniciada de maneira pacífica no largo
na frente da Igreja da Candelária. O tumulto começou já na Cinelândia,
após marcha pela Avenida Rio Branco. Para surpresa dos manifestantes, a
área estava sem policiamento, quando da chegada das cerca de 5 mil
pessoas que participaram da passeata - na avaliação do Sindicato dos
Profissionais de Ensino (Sepe).
A falta de policiais pode
ter estimulado o vandalismo. Os primeiros ataques aconteceram em
agências bancárias. Um Banco do Brasil e um Itaú foram destruídos.
Barricadas de fogo surgiram na Cinelândia e em ruas vizinhas. A pouco
mais de 200 metros da Câmara, 40 policiais formaram um cordão na frente
do Quartel General da PM, a partir das 19h40. Mas não seguiram em
direção à Cinelândia, o que estimulou os manifestantes. Pedregulhos
foram arremessados em direção à tropa, que continuava impassível.
Os
mascarados decidiram, então, atacar a Câmara, alvo já antigo das
manifestações. As bombas caseiras e coquetéis molotov foram atirados por
entre as grades do portão de ferro da Rua Evaristo da Veiga. O portão
foi forçado, mas os manifestantes não tiveram força para derrubá-lo.
Dentro do Palácio Pedro Ernesto, funcionários e seguranças respondiam
com jatos de extintor. Não havia informações sobre os prejuízos dentro
do prédio histórico.
A partir do momento em que a PM agiu,
os depredadores recuaram. Mais agências foram destruídas, sendo que uma
delas, do Banco do Brasil, teve os caixas eletrônicos incendiados. Os
Black Blocs fugiram pela Avenida Rio Branco e em direção à Assembleia
Legislativa do Estado do Rio, também alvo de protestos violentos desde o
início das manifestações, em junho. Outros fizeram fogueiras na frente
do Clube Militar, quase na esquina da Rio Branco com a Avenida Santa
Luzia. O clube foi atacado com pedras e explosivos. O fogo atingiu o
primeiro andar, até ser apagado.
Portarias de vidro,
jornaleiros, bancos, lanchonetes, galerias, nada escapou. Às 21h, na
esquina com a Rua 7 de Setembro, uma patrulha da PM foi escorraçada a
pedradas pelos manifestantes. A bandeira do Estado, hasteada numa
agência do Banco do Brasil, foi arrancada e substituída por um pano
preto.
São Paulo. A manifestação de alunos e professores na
Praça da República, em São Paulo, também terminou em confronto com a
polícia e atos de vandalismo, depois que um grupo de mascarados do grupo
Black Bloc jogaram coquetéis molotov em um cordão de policiais que
fazia a proteção da Secretaria Estadual de Educação.
No fim
da tarde, por volta das 18h, um grupo de manifestantes saiu da Avenida
Paulista em direção ao prédio da secretaria, formado por cerca de 150
alunos e funcionários universitários. Ao mesmo tempo, um grupo de
mascarados partiu do Teatro Municipal. Uma vez que o confronto começou, o
grupo pacífico se dispersou, enquanto que os mascarados passaram a
depredar placas, lojas e carros, perseguidos por PMs e integrantes da
Tropa de Choque.
Pelo dez manifestantes foram presos até as
21h e sete pessoas ficaram feridas, sendo quatro policiais. A polícia
utilizava bombas de efeito moral e gás pimenta para dispersar o grupo.
Estadão