quarta-feira, 9 de outubro de 2013

O empresário Eike Batista.
O empresário Eike Batista.
Reuters/Handout
Apesar de ver a sua fortuna cair em um ritmo vertiginoso, o empresário Eike Batista não deve ir ao fundo poço e quebrar, na opinião de analistas. A ascensão e a queda de Eike, a mais espetacular da história recente do Brasil, é vista como uma consequência “normal” no mercado financeiro, onde os riscos criam milionários mas também acabam com impérios como o construído pelo empresário brasileiro.
 
O valor de mercado das empresas do grupo EBX despencaram na bolsa de valores de São Paulo. Em novembro de 2010, no auge do sucesso, as companhias valiam 98 bilhões de reais. Hoje, este valor caiu para R$ 2 bilhões. Na semana passada, o calote anunciado de quase US$ 45 milhões da petrolífera OGX, antiga estrela de Eike Batista, foi tratado pela imprensa internacional como “o fim de uma era”.

O professor de Finanças do Insper Michael Viriato acompanha a queda da antiga 8ª maior fortuna do mundo. Ele lembra que, no passado, Eike tinha cometido o mesmo erro que repetiu agora, ao exagerar nas expectativas de produção de petróleo do poço de Tubarão Azul.

O professor de Economia da Unicamp Francisco Lopreato reitera que as dúvidas sempre acompanharam as promessas de Eike, uma verdadeira armadilha para os investidores menos experientes. Com a imagem abalada no mercado financeiro, o empresário não deve reconquistar tão cedo a confiança dos mercados. Quando isso acontecer, o preço pago pelo riscos terá disparado.

Já Roberto Altenhofen, analista de mercado da Empiricus Research, está pessimista sobre o futuro de Eike Batista. Para ele, só lhe resta o caminho da reestruturação judicial para as companhias mais sólidas do império X. Porém, depois de toda esta tempestade, é o mercado financeiro brasileiro que vai se ver mais maduro.

Os analistas consideram que os danos à credibilidade de Eike Batista se concentram no próprio empresário: a imagem do país para os investidores estrangeiros é pouco ou nada afetada.

Lúcia Müzell

MINORITARIOS DA OGX PROCESSAM EIKE, BOLSA E CVM

O empresário Eike Batista.
Segundo grupo de pequenos acionistas da petroleira, houve negligência da BM&FBovespa, da CVM e do próprio Eike em relação à qualidade das informações que balizavam a decisão dos investidores de aplicar recursos da OGX
 
O economista Aurélio Valporto, acionista minoritário da OGX, acusa o empresário Eike Batista e a empresa petroleira de fraude ao divulgar perspectivas exageradamente otimistas sobre reservas de petróleo. Sugere ainda que há indícios de uso de informações privilegiadas na compra e venda de ações por parte do controlador da companhia na época da divulgação dos fatos relevantes.

Entre os indícios compilados em relatório por Valporto - integrante de um grupo de acionistas que pretende entrar com ação judicial contra a OGX - está a divulgação, em fato relevante de janeiro de 2012, da "presença de hidrocarbonetos no poço 1-OGX-63-SPS, no bloco BM-S-57, na Bacia de Santos". O bloco seria devolvido, sem alarde, um ano depois.

O minoritário afirma que a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e a BM&FBovespa foram negligentes ao não cobrar rigor na divulgação de informações pela OGX. O grupo de minoritários pretende ir à Justiça não apenas contra a OGX, mas também contra Eike, Bolsa e CVM.

A OGX e a BM&FBovespa não comentaram as acusações. Já a CVM afirma, em nota, que o "dever de comunicação de fatos relevantes, internos ou externos, é atribuído exclusivamente à companhia".
Boas notícias em série. De outubro de 2009 a maio de 2012, a OGX fez 55 anúncios de descoberta de petróleo ou declarações de comercialidade (que indicam que a área vai virar um campo produtor).

No caso da divulgação da descoberta do 1-OGX-63-SPS, em 16 janeiro de 2012, o fato relevante da OGX não mencionava estimativa de reservas. Porém, circulou no mercado que o reservatório teria até 3 bilhões de barris. As ações da petroleira fecharam em alta de 5,37% no dia.

Em 1º de fevereiro de 2012, a OGX divulgou outro fato relevante confirmando a descoberta. Nele, referiu-se apenas ao potencial total da Bacia de Santos, de 1,8 bilhão de barris de petróleo e gás, e dizia que, com novos testes, os volumes superariam as "estimativas vigentes".

Outro caso refere-se aos blocos BM-C-37 e BM-C-38, na Bacia de Campos. Ao divulgar os resultados do terceiro trimestre de 2012, a OGX anunciou que os prospectos Cozumel, Tulum, Cancun, Viedma e Cotopaxi poderiam ter até 1,196 bilhão de barris. Em 31 de janeiro deste ano, porém, a OGX anunciaria que o poço em Cozumel era seco. "O objetivo da fraude engendrada contra os investidores e pequenos acionistas foi a de fazê-los crer que a fase de alto risco já havia terminado", diz o relatório de Valporto.

Para João Fábio Fontoura, do Bornholdt Advogados, de Santa Catarina, "houve uma política de divulgação de informações questionável". O escritório acionará na Justiça a OGX, Eike e executivos no próximo mês, em ação coletiva de um grupo de minoritários, diferente do qual Valporto faz parte.

Qualidade dos dados. "Eles (os acionistas) confiaram nas informações disponíveis. E as informações que estavam ali levavam as pessoas a acreditar que o negócio era bom", diz Norma Parente, professora de Direito da PUC-Rio e ex-diretora da CVM. Para ela, falta capacidade de fiscalização e punição tanto à CVM quanto à Justiça.

Ícone da "fraude", segundo Valporto, é uma entrevista de Eike Batista à XPTV, canal da XP Investimentos, em abril de 2010. Eike dizia que a OGX tinha US$ 1 trilhão em petróleo.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

APÓS ATO DE PROFESSORES, MANIFESTANTES DEPREDAM CENTRO DO RIO E DE SÃO PAULO

Atos ocorriam sem violência até a chegada de integrantes do Black Bloc. No Rio, a polícia só agiu meia hora após o ataques. Em São Paulo, pelo menos dez foram presos
Após ato de professores, manifestantes depredam centro do Rio e de São Paulo
            "Black Blocs depredam e 
         incendeiam lateral da Câmara 
        dos Vereadores, no centro da
           capital fluminense"
 


 O centro das duas principais cidades do País, São Paulo e Rio, foi palco novamente de confrontos violentos na noite desta segunda-feira, 7. 

 Inicialmente convocados em apoio aos professores do Rio - que entraram em confronto na 
 semana passada com a Polícia
 Militar-,os atos corriam pacificamente, até a intervenção de grupos Black Blocs.

Dezenas de mascarados atiraram pelo menos 20 coquetéis molotov dentro da Câmara Municipal do Rio (na Cinelândia), durante manifestação em apoio à greve dos professores. 
 
 
O grupo ainda tentou invadir o prédio e destruiu bancos, lojas e bancas de jornal. 
 
O edifício onde funciona o Clube  Militar foi atacado e teve a portaria e o primeiro andar incendiados. Outro grupo ateou fogo em um ônibus. A 200 metros do local, tropas da PM assistiam ao ataque sem interferir. Só agiram 30 minutos após o início do ataque, com bombas de efeito moral.

A violência dos mascarados, vinculados ao grupo Black Bloc, e a apatia dos policiais militares marcaram a manifestação, iniciada de maneira pacífica no largo na frente da Igreja da Candelária. O tumulto começou já na Cinelândia, após marcha pela Avenida Rio Branco. Para surpresa dos manifestantes, a área estava sem policiamento, quando da chegada das cerca de 5 mil pessoas que participaram da passeata - na avaliação do Sindicato dos Profissionais de Ensino (Sepe).

A falta de policiais pode ter estimulado o vandalismo. Os primeiros ataques aconteceram em agências bancárias. Um Banco do Brasil e um Itaú foram destruídos. Barricadas de fogo surgiram na Cinelândia e em ruas vizinhas. A pouco mais de 200 metros da Câmara, 40 policiais formaram um cordão na frente do Quartel General da PM, a partir das 19h40. Mas não seguiram em direção à Cinelândia, o que estimulou os manifestantes. Pedregulhos foram arremessados em direção à tropa, que continuava impassível.

Os mascarados decidiram, então, atacar a Câmara, alvo já antigo das manifestações. As bombas caseiras e coquetéis molotov foram atirados por entre as grades do portão de ferro da Rua Evaristo da Veiga. O portão foi forçado, mas os manifestantes não tiveram força para derrubá-lo. Dentro do Palácio Pedro Ernesto, funcionários e seguranças respondiam com jatos de extintor. Não havia informações sobre os prejuízos dentro do prédio histórico.

A partir do momento em que a PM agiu, os depredadores recuaram. Mais agências foram destruídas, sendo que uma delas, do Banco do Brasil, teve os caixas eletrônicos incendiados. Os Black Blocs fugiram pela Avenida Rio Branco e em direção à Assembleia Legislativa do Estado do Rio, também alvo de protestos violentos desde o início das manifestações, em junho. Outros fizeram fogueiras na frente do Clube Militar, quase na esquina da Rio Branco com a Avenida Santa Luzia. O clube foi atacado com pedras e explosivos. O fogo atingiu o primeiro andar, até ser apagado.

Portarias de vidro, jornaleiros, bancos, lanchonetes, galerias, nada escapou. Às 21h, na esquina com a Rua 7 de Setembro, uma patrulha da PM foi escorraçada a pedradas pelos manifestantes. A bandeira do Estado, hasteada numa agência do Banco do Brasil, foi arrancada e substituída por um pano preto.

São Paulo. A manifestação de alunos e professores na Praça da República, em São Paulo, também terminou em confronto com a polícia e atos de vandalismo, depois que um grupo de mascarados do grupo Black Bloc jogaram coquetéis molotov em um cordão de policiais que fazia a proteção da Secretaria Estadual de Educação.

No fim da tarde, por volta das 18h, um grupo de manifestantes saiu da Avenida Paulista em direção ao prédio da secretaria, formado por cerca de 150 alunos e funcionários universitários. Ao mesmo tempo, um grupo de mascarados partiu do Teatro Municipal. Uma vez que o confronto começou, o grupo pacífico se dispersou, enquanto que os mascarados passaram a depredar placas, lojas e carros, perseguidos por PMs e integrantes da Tropa de Choque.

Pelo dez manifestantes foram presos até as 21h e sete pessoas ficaram feridas, sendo quatro policiais. A polícia utilizava bombas de efeito moral e gás pimenta para dispersar o grupo.

 Estadão