quinta-feira, 31 de julho de 2014

DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS E DEVERES DE AMAR

André J. Gomes, Revista Bula

"Então um dia o mundo, ocupado com o que realmente importa, num momento de divina iluminação, há de reunir sem maior espalhafato não uma comissão de notáveis das ciências e da política, nem um séquito de respeitosos acadêmicos e pensadores superdotados, mas uma turma desprendida, formada por pessoas de modos simples, representando diferentes origens, profissões, faixas etárias e níveis sociais variados. Entre essa gente, nada além de dois ou três interesses comuns, coisas como a inutilidade das conversas à toa, a profundidade dos assuntos desconhecidos e, claro, a alegria incomparável de dar e receber amor.

A esse grupo se daria o nome de Assembleia Geral das Mãos Unidas, ou, quem sabe, Encontro Internacional das Almas Simples, e seus integrantes se reuniriam sem a menor pretensão de deliberar e votar e construir graves e definitivas considerações a respeito das coisas universais, mas tão somente para comer e beber e falar de suas lembranças e de seus sonhos.

Conversariam sobre os perfumes inconfundíveis de seus avós, a importância de seus pais e de seus filhos e seus amigos. Abririam parênteses e aspas sobre seus pequenos feitos históricos, suas saudades e seus projetos. Fariam largas digressões sobre suas intenções sagradas, suas ternuras descobertas e seu dia depois do outro. Essas pessoas se encontrariam para nada senão para falar de seu gosto pela vida e celebrar o milagre, o mistério, a alegria e a graça divinas de estarem vivas.

De seu encontro à toa, realizado numa tarde qualquer de uma semana esquecida no calendário, sem grandes feriados ou comemorações relevantes, essa gente proclamaria, com a despretensão suprema dos desavisados de consciência limpa e coração saudável, a Declaração Universal dos Direitos e Deveres de Amar.

Seu artigo primeiro e único diria, com deliciosas delongas e rodeios inspirados, que a vida é boa demais para quem descobre o óbvio: o amor borbulha em todo lugar, de toda ordem, a qualquer tempo, e atinge em cheio todo e qualquer ser sensível. Mulheres, homens, cachorros, elefantes, passarinhos, baleias-cachalote. O amor está para além de qualquer convenção.

Entre mordidas em pães doces e longos goles de suas bebidas favoritas, nossos humildes representantes constatariam que há quem ame o que não se compreende e quem não compreenda o amor. É compreensível. Para uns, amar é deixar os sentimentos livres, abrir as gaiolas, soltar as coleiras. Para outros, é manter tudo em casa, por perto. Para fulano é não ter regras, para beltrano é manter as rédeas. E para sicrano? Para ele o amor ainda não chegou. Isso também acontece. Mas uma coisa é certa, diriam nossos declaradores: o amor não tem manual de instruções. No entanto, ainda assim, amar implica direitos e deveres.

Nossos embaixadores anotariam emocionados, em grandes folhas de cartolina ou em largas paredes brancas, que no amor, assim como em tudo na vida, os direitos e os deveres são almas gêmeas inseparáveis, amantes encantados que jamais se largam, um não existe sem o outro. E quando se separam já não há mais amor, mas qualquer sentimento distinto, tacanho e farsante.

Nos seus escritos, lá estaria em letras inconfundíveis: a quem ama, é dever olhar o outro assim como a si mesmo, com ternura e afeto e generosa confiança. É seu direito declarar amor a qualquer tempo, tanto quanto se lhe assegura o benefício de ficar em silêncio absoluto de quando em vez, de se trancar em si mesmo quando bem queira. Como um segurança de banco se isola no interior de sua guarita a prova de balas, protegido do tiroteio aqui fora. Como um líder de Estado se esconde em seu bunker esperando a guerra que nunca fará sentido.

Quem ama tem o direito de se dar e o dever de nada pedir em troca, mas de trabalhar empenhado na construção de um sentimento que se estenda ao outro naturalmente, sem cativeiros e correntes e obrigações impostas. Tudo isso estaria lá, impresso em nossa declaração de amor singular e universal.

Lá estaria escrito que é direito de cada um deixar o amor entrar quando queira. E é seu dever assisti-lo acontecer em um tempo próprio, rápido feito um disparo ou lento tal qual um velho vendedor ambulante, o passo manso, parando aqui e ali em conversas à toa, como quem interrompe uma frase no meio.

Nosso documento universal traria lavrado e atestado que os amantes têm o direito de anunciar seu amor ao mundo e fazer inveja aos outros. Mas têm o dever de respirar fundo a tristeza e ouvir com calma, no quarto de um motel sem alma, na sala fria de uma terapeuta de casais ou na área de serviço de um pequeno apartamento: “eu não gosto mais de você”.

É dever de quem ama aceitar o fim. E que no fim lhe seja guardado o direito ao recolhimento. Que quando preciso cada um se permita esperar no seu canto em merecida mudez, escrevendo cartas a Deus e todo mundo, na mais humana tentativa de combater a tristeza caprichosa que ora irrompe robusta, em enxurradas de choro e avalanches de angústia e desamparo, ora goteja seu chuvisco úmido e melancólico de mágoa.

Quem tem o direito de amar tem o dever da compreensão pura e simples: o amor também pode acabar. Aí só há de restar o adeus e um até breve confiante em seu próximo encontro dia desses, na esquina dos pensamentos soltos, com o respeito devido a quem lhe foi tudo na vida e um dia há de ser somente uma lembrança tranquila e doce.

Nossos embaixadores humanos falariam e ouviriam e celebrariam até tarde, com risos e lágrimas, o trabalhoso ofício de viver e de amar, encerrando seu documento com a frase: “aceitas e respeitadas todas as impressões em contrário”.

E que assim, estabelecidos os modos e ajeitados os pingos em cada i, sejamos enfim tomados por uma coragem simples e imperiosa de assumir o que somos: naturais detentores do divino direito e do sagrado dever de dar e de receber amor."

EM COLOMBO, CIDA DIZ QUE PARANÁ VAI AVANÇAR AINDA MAIS COM BETO RICHA

Em encontro com mais de 600 lideranças de Colombo, na noite de ontem, a deputada Cida Borghetti (PROS) afirmou que as políticas de atenção especial às pessoas com deficiência e em vulnerabilidade social serão reforçadas nos próximos anos.

 "O governador Beto Richa e sua equipe tem realizado um trabalho extraordinário no cuidado aos paranaenses que mais precisam. Mas sabemos que precisamos avançar mais. Com mais a atenção às mulheres, crianças, idosos. No respeito aos nossos professores e, sobretudo, na garantia de tranquilidade às famílias paranaenses", disse a candidata a vice-governadora da chapa de Beto Richa.

O evento foi organizado pela prefeita Beth Pavin (PSDB) e contou com a participação de candidatos a deputado estadual e federal de Colombo e região. "Aos candidatos, me coloco à disposição para ajudar na caminhada e também para receber sugestões e ideias para o nosso plano de Governo. Contamos com o apoio dessa chapa formada por 640 pessoas que querem nos ajudar na transformação iniciada em 2011", disse Cida Borghetti.

HOMEM FAZ TRANSPLANTE FACIAL E FICA 'INEGAVELMENTE ATRAENTE', DIZ REVISTA

Em 1997, Richard Lee Norris sofreu um acidente que lhe desfigurou o rosto. Em 2012, foi submetido a uma cirurgia pioneira de transplante facial. Agora, figura na capa da GQ, uma das principais revistas de moda do mundo

Richard Lee Norris antes e depois do transplante de rosto (Foto: GQ)

Richard Lee Norris escondeu seu rosto desfigurado por 15 anos, até passar por um transplante facial que substituiu seu nariz, dentes e mandíbula. Dois anos depois, seu novo rosto estampa a capa de uma das revistas de moda masculina mais importantes do mundo.

Ele é o principal entrevistado da edição de agosto da GQ, revista sobre estilo e cultura que é conhecida por ter rostos bonitos nas capas. Norris, de 39 anos, vivia em reclusão após ter sido gravemente ferido por um acidente com uma arma de fogo em 1997. Até o transplante, ele só saía à rua usando máscara.

Ele havia perdido seus lábios e seu nariz no acidente e tinha movimentos limitados na boca. Agora, Norris, segundo a GQ, é “inegavelmente atraente”. “Barbeado, jovem, o tipo de cara que você contrataria para ser o garoto-propaganda da sua empresa”.

O transplante gerou polêmica, à época, porque a chance de sobreviver era de apenas 50% –e, ao contrário de outros tipos de transplantes, ele não precisava passar pelo procedimento para continuar vivo.

A revista afirma que, atualmente, ele não pode se queimar no sol, pegar um resfriado, beber, cair ou arriscar seu sistema imunológico de forma alguma.

Ele precisará tomar medicamento para não rejeitar o rosto pelo resto da vida. Até agora, já foi internado duas vezes devido a rejeições – que podem ser fatais.

À revista, Norris disse que tudo sobre seu novo rosto era ótimo. “Ele recebeu milhares de cartas de fãs. Uma das fãs agora é sua namorada. Ela mora em Nova Orleans. Ele disse que planeja conhecê-la pessoalmente”, diz a publicação.

BBC
EM; PRAGMATISMO POLÍTICO

quarta-feira, 30 de julho de 2014

BETO RICHA USARÁ REDES SOCIAIS PARA SUBSIDIAR PLANO DE GOVERNO

O governador Beto Richa lançou na noite desta terça-feira (29), dia em que completou 49 anos, uma nova página na internet e o projeto Tenda Digital Beto 45, que utilizará as redes sociais para dialogar com os paranaenses e coletar sugestões que vão subsidiar seu plano de governo

As ferramentas digitais também serão utilizadas para apresentar os avanços do Paraná e propostas para o estado.

“Com um espírito democrático, vamos usar as redes sociais para dialogar com os paranaenses de todas as camadas e faixas etárias, mostrando tudo o que fizemos em nosso mandato e apresentando as melhores propostas e ideias para governar o Paraná, construídas em conjunto com a população por meio das redes”, disse Beto Richa ao lado da candidata a vice-governadora, Cida Borghetti, e do senador Alvaro Dias.

Cerca de 500 pessoas participaram da inauguração da Tenda Digital, que será responsável pela organização, atualização e monitoramento das diversas redes formadas ao longo do ano pelo Instituto Teotônio Vilela (ITV-PR). A unidade contará com equipe de ativistas, estúdio de produção de fotos e gravação de áudio, espaço de reunião e área para visitantes acessarem a internet.

O coordenador de redes sociais da Coligação Todos Pelo Paraná, Marcello Richa, destacou que a Tenda Digital é um espaço inovador que servirá para aprofundar o debate com a população e colher ideias importantes para manter o estado no rumo do desenvolvimento.

“A Tenda Digital atuará como uma grande corrente do bem para restabelecer a verdade, acabar com boatos e paradigmas, ouvir os anseios da população e apresentar as ações e projetos deste grande trabalho que o nosso governador tem feito em todo o estado, com números que orgulham os paranaenses e que fazem a diferença na melhoria da qualidade de vida de nossa gente”, disse Marcello Richa.

NOVO SITE 

O novo site de Beto Richa (www.betoricha.com.br) também abre espaço para interatividade, compartilhamento e troca de ideias com os eleitores.

No ambiente de interatividade, os visitantes poderão enviar vídeos e fotos e contribuir com opiniões para a consolidação do plano de governo 2015-2018. “Juntos somos mais fortes para fazer o Paraná seguir em frente. Queremos a participação de todos os paranaenses nessa caminhada”, afirma Richa. Em uma mensagem gravada em vídeo na abertura do site, ele agradece a todos os que acompanham suas ações e obras pelas redes sociais.

Entre os conteúdos também estão obras e ações nos municípios. Beto foi o único governador a ir a todos os municípios durante o mandato. “Estive perto da população para ouvir suas necessidades e atendê-los. Ouvir as pessoas é uma marca do meu governo”, disse Beto.O site também possibilita o acesso às demais rede sociais da candidatura: Instagram, Facebook, Twitter, Google + e Youtube.

VÍDEO: O PRIMEIRO CONTATO DE ÍNDIOS ISOLADOS COM A FUNAI

Índios isolados fazem primeiro contato com a Funai no Acre. Assista ao vídeo abaixo e leia o relatório e os documentos do encontro


Altino Machado*

Faz um mês nesta terça-feira (29) que um povo indígena isolado estabeleceu o primeiro contato com indígenas da etnia ashaninka e servidores da Fundação Nacional do Índio (Funai), na Aldeia Simpatia da Terra Indígena Kampa e Isolados do Alto Rio Envira, no Estado do Acre, na região de fronteira do Brasil com o Peru.

Os grupos de índios isolados da região, que entre si se envolvem em conflitos armados, buscam proteção no lado brasileiro porque estão sendo massacrados por narcotraficantes e madeireiros peruanos.

O Blog da Amazônia obteve com exclusividade o vídeo inédito do primeiro contato (assista acima), fotos e o relatório de campo da equipe da Funai.

Há mais de dois anos a FPE foi invadida por peruanos, os servidores da Funai bateram em retirada e desde então foi abandonada pelo governo brasileiro. O pessoal da FPE acompanhava a aproximação dos índios isolados desde o dia 13 de junho. O sertanista José Carlos Meirelles, que atualmente trabalha na Assessoria Indígena do Governo do Acre, tem participado dos contatos.

O primeiro contato com os índios isolados, sem auxílio de intérprete, foi estabelecido pelo índio Fernando Kampa de forma pacífica. Os ashaninka da Aldeia Simpatia se aproximaram e os isolados gesticulavam pedindo a calça de um servidor da Funai, que se aproximou juntamente com os ashaninka apenas de cueca.

- Ao gesticularem pedindo comida, o indígena Fernando Kampa pediu que fossem apanhados dois cachos de banana e os deu aos índios, realizando assim o contato. No momento de entrega das bananas, também apareceu na margem contrária outro índio isolado que havia sido avistado na BAPE Xinane e também uma mulher com um saiote, possivelmente feito de envira, e com uma criança de aproximadamente cinco anos. A mulher entregou um jabuti ao indígena Fernando Kampa como forma de agradecimento ou troca pelas bananas – diz o relatório de campo da equipe da Funai.

Após o primeiro contato, de acordo o relatório, o indígena Fernando Kampa pediu que os ashaninka pegassem suas roupas para dar aos isolados e os chamou para o acompanhar até a aldeia Simpatia. “Mais uma vez não foi possível controlar os avanços dos ashaninka”. Segundo o relatório, as roupas estavam sujas, possivelmente com escarros, doenças sexualmente transmissíveis, que podem ter contaminado os isolados.

O fato é que o grupo de índios isolados contraiu gripe e se deslocou junto com a equipe da Funai para a base da FPE Xinane. O grupo foi convencido a permanecer na aldeia até que fosse encerrado o atendimento médico pela equipe mobilizada pelo geógrafo Carlos Travassos, da Coordenação-geral de Índios Isolados da Funai em Brasília.

Após a conclusão do tratamento, os indígenas retornaram para suas malocas, onde estão os demais integrantes de seu povo. De acordo com informações dos intérpretes que integram a equipe da Funai, os índios pertencem a um subgrupo do tronco linguístico pano.

A equipe da Funai encontrou uma pequena bolsa na qual os índios isolados carregavam cachimbo, camisas, caixa de fósforo peruano, embalagens de sabão peruano, uma carteira do Corinthians enrolada com pedaços de fios coloridos e com um pote contendo um líquido, provavelmente um anticoagulante que é aplicado na ponta das flechas. Havia também cartucho calibre 32, pólvora preta (marca Jacaré), uma espoleta, pacote vazio de sal (marca Caiçara), caucho (sernambi), três lâmpadas incandescentes, parafusos e porcas, que os isolados usam para carregar cartuchos da espingarda. O material foi todo devolvidos aos isolados.

Os índios isolados, que prometeram regressar com familiares no prazo de luas -mais ou menos no começo de setembro-, neste domingo (27) decidiram antecipar. Um grupo de oito isolados se estabeleceu na Aldeia Simpatia, incluindo uma criança.

O índio Zé Correia, da etnia jamináwa, chamado pela Funai como intérprete, contou que os índios isolados preferiram não se identificar porque temem ser alvos de novas correrias (matança organizada de índios) por parte de outros grupos indígenas isolados.

- Mas a situação mais grave envolve os narcotraficantes e madeireiros peruanos. A maioria desse grupo contatado é de jovens. A maioria dos velhos foi massacrada pelos brancos peruanos, que atiram e tocam fogo nas casas dos isolados. Eles disseram que muitos velhos morreram e chegaram enterrar até três pessoas numa cova só. Disseram que morreu tanta gente que não deram conta de enterrar todos e os corpos foram comidos pelos urubus. Nosso povo jamináwa compreende a língua dos isolados e nós vamos acompanhar. O governo brasileiro precisa fazer algo para defender esses povos. 

Eles disseram que existem outros cinco povos isolados na região e que são grupos bastante numerosos. Apesar das diferenças e dos conflitos que existem entre esses grupos, todos são perseguidos pelos brancos peruanos. Qualquer dia todos esses povos podem procurar o Brasil em busca de proteção. A Frente de Proteção Etnoambiental da Funai precisa de total apoio. Vai ser impossível se fazer algo apenas com as mãos e as unhas. Não podemos ser cúmplices de genocídios – apelou Correia.
Carlos Travassos, da Coordenação-geral de Índios Isolados da Funai, com o indígena Zé Correia, que colaborou no contato como tradutor (reprodução / blog amazônia)

A equipe da da Frente de Proteção Etnoambiental Envira Envira, entre os dias 17 e 30 de junho, produziu um relatório preliminar de campo denominado “Desenvolvimento das atividades Aldeia Simpatia”.

Veja o que foi relatado sobre o que aconteceu na aldeia nos dias 29 e 30 de junho:

29/06/2014 – domingo

Durante todo o dia ocorreu a tradicional caiçumada dos Ashaninka e no final da tarde, por volta das 16:00, o téc. em enfermagem, Francimar Kaxinawa, retornou às pressas de seu banho no rio e informou a equipe da FUNAI (Marcelo Torres) que os isolados estavam gritando no barranco à margem oposta da praia da aldeia Simpatia.

Outras crianças Ashaninka também ouviram e chamaram rapidamente os adultos que estavam na caiçumada. Neste momento, os indígenas Ashaninka seguiram correndo pela praia até chegarem próximos aos isolados, liderados pelo indígena Fernando Kampa. Todos os Ashaninka aparentavam estar bêbados e bastante alterados.

Um dos indígenas da aldeia Simpatia, Gilberto Kampa, havia subido o rio pouco tempo antes para arrancar macaxeira e após ver os isolados ficou ilhado no roçado. Sua esposa veio até a aldeia chorando e pediu para que fossemos busca-lo. Além de Gilberto, estavam com ele 2 de seus filhos com idade entre 3 e 5 anos.

Os isolados gritavam e gesticulavam, onde foi possível ouvir nitidamente a palavra “camisa” e batendo na barriga como quisessem dizer que estavam com fome. No momento da aparição, estava presente apenas o servidor Marcelo Torres da FUNAI e sendo que Meirelles, Artur e Guilherme estavam mais abaixo no rio Envira pescando.

Não foi possível conter os Ashaninka para aproximação com o grupo isolado, que a princípio se apresentou com 4 índios, os mesmos avistados na BAPE Xinane. Seguiam portando 1 espingarda e os demais com arcos e flechas.

Os Kampas se aproximavam mais e os isolados gesticulavam pedindo a calça do servidor Marcelo Torres, que se aproximou juntamente com os Kampa sem a calça, apenas de cueca. Ao gesticularem pedindo comida, o indígena Fernando Kampa pediu que fossem apanhados dois cachos de banana e os deu aos índios, realizando assim o contato.

No momento de entrega das bananas, também apareceu na margem contrária outro índio isolado que havia sido avistado na BAPE Xinane e também 1 mulher com um saiote possivelmente feito de envira e com 1 criança de aproximadamente 5 anos. A mulher entregou um jabuti que foi entregue ao indígena Fernando Kampa como forma de agradecimento ou troca pelas bananas.

Após este contato, o indígena Fernando Kampa pediu que os Ashaninka pegassem suas roupas para dar aos isolados e os chamou para o acompanhar até a aldeia Simpatia, onde mais uma vez não foi possível controlar os avanços dos Ashaninka. As roupas dadas estavam sujas, possivelmente com escarros, DST’s, etc., que podem ter contaminado os isolados.

Na chegando a praia da aldeia Simpatia, também havia acabado de chegar os servidores Artur e Guilherme, juntamente com Meirelles. A equipe tentou conter os isolados e os Kampa que chegaram a ligar o motor do barco da FUNAI para buscar o indígena Gilberto Kampa no roçado, mas foi praticamente impossível até que Fernando Kampa foi contido após ríspida discussão com a equipe da FUNAI.

Chegaram a aldeia apenas 3 dos índios isolados e os demais permaneciam no barranco à margem contrária. O indígena Fernando Kampa pediu para sua esposa trouxesse caiçuma para os isolados e ao chegar na praia, o servidor Marcelo Torres orientou ao médico da equipe de saúde, Neuber, que chutasse a cuia impedindo que a bebida chegasse até os isolados.

Após este momento, os índios começaram a subir para a aldeia e saquear as casas dos Ashaninka que permaneciam passivos, bêbados, sem qualquer espécie de reação. Foi preciso que a equipe da FUNAI intervisse e impedisse que todas as casas fossem saqueadas. Meirelles precisou ser mais ríspido para que um dos isolados deixasse parte do que iria saquear no chão. Quando eram mostradas armas, os isolados se mostravam extremamente nervosos e agitados, gritando “Shara”.

Depois deste momento de saque, a equipe da FUNAI conseguiu conter um pouco os isolados e os acalmar, sendo possível ver os isolados arremedando animais da mata e também cantando. O servidor Guilherme tentou realizar o contato urgente com Brasília e Rio Branco e não obteve resposta.

A equipe seguiu conversando e tentando manter contato com os isolados para acalmá-los, mas em determinado momento, o grupo isolado ouviu um arremedo de nambu azul vindo da mata próxima ao Ig. Simpatia e se agitaram, gesticulando como se tivessem sido flechados.

Com o cair da noite tornou-se ainda mais difícil conter o grupo e novos saques foram realizados nas casas dos Ashaninka. Pouco tempo depois, chega a aldeia Simpatia pela mata o indígena Gilberto Kampa com seus filhos, assustado e informando que haviam outros índios escondidos na região do roçado.

Na tentativa dos servidores de conter os saques, os mesmos eram ameaçados com flechas. A equipe tentou fazer uma fogueira e sentar com os isolados, mas pouco depois o grupo de isolados desceu e saiu correndo pela praia no sentido do barranco onde estavam os demais índios.

Após o contato e a saída dos índios, as equipes da FUNAI e da Saúde realizaram escala de vigília durante a noite em caso de nova investida dos isolados. Durante o período da noite e madrugada, apesar da vigília, os isolados cortaram todas as cordas das ubás e afundaram uma das voadeiras da FUNAI com motor.

30/06/2014 – segunda-feira

Por volta das 7:00, os Ashaninka que tinham descido na praia do simpatia nos informaram que os índios isolados estavam descendo novamente rumo a aldeia, descemos na praia e montamos um esquema para impedir que eles subissem novamente para realizar saques. Uma equipe ficou na frente e outra com espingardas atrás. Orientamos que ninguém ficasse sozinho frente aos isolados, mantendo sempre um numero maior que eles. Eles utilizaram a ubá do Gilberto Kampa (tinha deixado no rocado) para atravessarem o rio.

Atravessaram o rio Envira e deixaram a ubá na praia localizada acima da aldeia. Estavam em 04 pessoas. Eles se deslocaram pelo rio até a praia.

Ao chegarem à praia da aldeia Simpatia já foram logo pedindo coisas, tipo camisas e panelas. Não foi fornecido. A equipe da FUNAI manteve um dialogo através de gestos calmo e tranquilo. Eles subiram o barranco, mas foram contidos antes de entrarem na aldeia. Qualquer investida era contida mostrando as armas, o que os deixavam bastantes nervosos. Meirelles tinha esse papel de impedir a entrada deles, quando tentavam entrar na aldeia ele gritava, assoprava e mostrava a arma.

Foi tentado realizar trocas com os isolados, do tipo mostrávamos um terçado e pedíamos uma flecha, mostrávamos artesanatos (eles demonstravam grande interesse) e pedíamos algum ornamento deles, mas nenhuma troca obteve sucesso.

Ao perceberem que não obteriam sucesso nos saques, pediram algo para comer, foi dada banana, macaxeira cozida, coco e carne assada, sendo que só comeram as bananas. Desconfiavam de tudo que dávamos para eles comerem. Eles abriram os cocos, tomaram um pouco da água e deram o restante para a equipe que ficou a frente na contensão.

Num certo momento o servidor Artur fez um cigarro de tabaco e acendeu em frente aos isolados, eles ficaram bem exaltados e pediram o tabaco e o isqueiro. O tabaco foi fornecido, eles pegaram, cheiraram e pediram para que Artur desse o cigarro feito. Artur forneceu o cigarro, eles deram algumas puxadas e guardaram para mais tarde. Artur tentou trocar o isqueiro por uma flecha, mas os isolados não quiseram.

Fernando Kampa apareceu num certo momento tirando algumas fotos bem de perto, ao bobiar por um minuto, estava mostrando o funcionamento do isqueiro, um isolado tirou a câmera do Fernando que estava no bolso e foi embora.

Ao perceberem que não obteriam sucesso nos produtos industrializados resolveram ir embora. O tempo de permanência foi de 1:30 h no barranco da aldeia Simpatia. Ao sair um indígena isolado espirrou, ao entrar no rio o mesmo deu uma tossida.

IVANA BENTES É necessário amansar os brancos

E como amansar branco? Documento de cultura, documento de barbárie é a primeira coisa que vem a cabeça vendo os relatos dos indigenistas e agentes que participaram dos contatos com os índios isolados do Acre.

A própria forma de percebê-los ganha materialidade nos confrontos com o Estado: avistamentos, vestígios, confrontos armados, mortes dos “isolados”, mortes dos moradores brancos, conflitos com narcotraficantes, etc.

O que acontece depois do contato? Muitos vão morrer pela simples proximidade e contágio com as gripes e doenças corriqueiras dos brancos. Como se preparar para o encontro, que estratégias, qual o melhor momento? É sintomático que os contatos se intensifiquem quando as terras indígenas são comprimidas, pelo desmatamento, pressão de madeireiros, mineradoras, prospecção de petróleo, tráfico de drogas, missionários.

Os índios isolados “fazem contato” numa situação critica, como disse o antropólogo Terri Aquino. Indios ”isolados” de quem? Não somos isolados, bravos, invisíveis, cercados, somos resistentes. 

Vocês não acham a gente, índio já está ali desde sempre, é como o jabuti na floresta, ninguém acha o jabuti, só encontra quando ele está passando disse o indígena jaminawá Zé Correia na sessão emocionante de apresentação das imagens inéditas do contato com os “índios isolados” mostradas pela Funai durante 66ª Reunião Anual da SBPC, no Acre.

Correia acompanhou os primeiros contatos da Funai na Aldeia Simpatia da Terra Indígena Kampa e Isolados do Alto Rio Envira, na região do Acre de fronteira do Brasil com o Peru. O depoimento continua dizendo: “Os Indios não são ‘isolados’ são livres e circulam porque não sabem dessas fronteiras que os brancos inventaram, não tem indígena do Peru, do Brasil, da Bolivia, nós somos o mesmo povo. Não queremos ser mandados, queremos ser parceiros da FUNAI para ajudar os parentes isolados.”

No vídeo apresentando vemos as imagens de garotos indígenas muito jovens no primeiro encontro, tenso e com um misto de celebração e desespero dos agentes do encontro: “papa não, não pode! No, no, no! Panela, não! Não, tem doença!” quando pegam uma muda de roupa. A aproximação pelo oferecimento de comida.

O interesse dos indígenas pelos terçados, machados e também gestos de impaciência com as reprimendas e ansiedade dos brancos. O Estado brasileiro (ou qualquer estado) está preparado?

A missão foi exitosa, diz Carlos Travassos, mas as condições precárias da Funai, a burocracia, a dificuldade em trabalhar em cooperação entre Brasil, Peru, Bolivia, os desafios da Pan Amazônia se impõem.

Numa infinita remediação de um campo e uma situação que precisa de atenção mais do que urgente e que sofre retrocessos constantes. “Só queremos viver” disse um dos indígenas.

Foi uma sessão emocionante com antropólogos, estudantes, agentes da Funai, e indígenas na SBPC em Rio Branco-Acre.

Ouvimos os relatos do antropólogo Terri Aquino, do indígena Jaminawá José Correia, do antropólogo de Porto Maldonado, no Peru, Alfredo Gárcia Altamirano, de Carlos Travasso, da Coordenação-geral de Indios Isolados da Funai e de outros indígenas da região.

Ivana Bentes é professora e pesquisadora da Escola de Comunicaçao da UFRJ
Altino Machado é ex-repórter dos jornais O Estado de S. Paulo, Jornal do Brasil e Folha de S. Paulo |Blog da Amazônia

segunda-feira, 28 de julho de 2014

JUIZ DETIDO POR BENEFICIAR INTEGRANTES DE QUADRILHA DE TRÁFICO

O juiz Amaury de Lima e Souza foi detido acusado de beneficiar uma das maiores quadrilhas de tráfico de drogas da região sudeste.
Um juiz de Minas Gerais está preso preventivamente acusado de beneficiar uma das maiores quadrilhas de tráfico de drogas da região sudeste. De acordo com o Globo, a polícia encontrou várias sentenças assinadas pelo juiz beneficiando traficantes clientes da advogada Andrea Elizabeth de Leão Rodrigues.

“Ah, p..., eu estou numa preocupação do c... Então é o seguinte. Eu não sei, cara. Eu estou achando que vem uma m.. muito grossa aí pela frente”, desabafou o juiz para um advogado seu amigo, através do telefone.

E acertou. Através de vários telefonemas e de sentenças assinadas beneficiando traficantes, o juiz foi denunciado, junto com a advogada Andrea Elizabeth de Leão Rodrigues, por corrupção, lavagem de dinheiro e participação em organização criminosa.

Dezessete pessoas foram presas e cerca de R$ 70 milhões apreendidos em dinheiro, drogas, armas, imóveis, dezenas de carros de luxo e até um avião.

Trazida da Bolívia, a droga era distribuída, em vários locais, principalmente São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.

Algumas conversas foram publicadas pela Globo.

Amaury: Alô.

Andrea: Eu não estou entendendo nada.

Amaury: O que que você não está entendendo, o que você me pediu?

Andrea: Tá, mas não tem alvará, não tem nada.

Amaury: Hein?

Andrea: Não tem alvará.

Amaury: Não é isso que você me pediu não. Você me pediu para enviar uma peça do carro para você.

Andrea: Espera a peça chegar. Eu não, mas.

Amaury: Já fiz o pedido da peça. Andrea: Ah tá, entendi.

De acordo com a polícia, a peça seria o alvará de prisão domiciliar que o juiz concedeu a um traficante.

Existem outros casos revelados. Um dos traficantes detidos, Álvaro Daniel, foi transferido de um presídio em Fortaleza para prisão domiciliar em Juiz de Fora, depois de a defesa ter apresentado atestado médico para o seu cliente.

“Certidões falsas, comprovantes de residências falsos, levando esse preso de um estado para a base Juiz de Fora. As provas produzidas dão conta que ele participava, ele não julgava, ele era participante da organização criminosa”, disse o Superintendente PF-MG, Sérgio Menezes.

Outra das conversas reveladas foi entre integrantes da quadrilha.

“Será que não arruma uns R$ 500 mil até amanhã? Que tenho que pagar o juiz. Que o amigo saiu da cadeia. Mas tenho que pagar, amanhã, R$ 600 mil”.

O juiz e a advogada estão presos preventivamente.

De acordo com o Procurador Geral de Minas Gerais,Carlos André Bittencour, as provas são muito fortes.

"A prova produzida no inquérito conduzido pela Polícia Federal é contundente, ela é forte, são interceptações telefônicas, são gravações de vídeo, a própria movimentação financeira e a prova testemunhal presente no inquérito. A prova é robusta”, concluiu.

Por Notícias Ao Minuto

NO OESTE, POPULAÇÃO APROVA TRABALHO DE BETO RICHA NA SEGURANÇA

A melhoria nos índices de segurança, a criação do Batalhão de Fronteira e o aumento do efetivo policial foram destacados pelos moradores de Marechal Cândido Rondon que acompanharam o governador Beto Richa (PSDB) neste domingo (27) na Festa Nacional do Boi no Rolete (Expo Rondon 2014). A feira marcou os 54 anos do município.

Acompanhado da mulher Fernanda Richa e do senador Álvaro Dias (PSDB), Beto Richa percorreu os estandes, conversou com as pessoas, posou para fotos com os participantes da feira e ouviu declarações de apoio ao seu trabalho. “Marechal Cândido Rondon é uma cidade acolhedora, com gente trabalhadora, povo bom, e que conta com esta grande festa que é uma das mais tradicionais do Paraná. Nossa presença aqui é para reafirmar o compromisso do Estado com a região”, disse Beto Richa.

Aos moradores de Marechal Cândido Rondon aprovaram o trabalho de Beto Richa. “Eu acho o trabalho excelente e que deve continuar. Nós nunca tivemos tanta segurança na cidade como temos hoje na gestão do Beto Richa”, disse o músico Egon Weiand, morador da cidade. Ele citou o Batalhão de Fronteira, que reforçou o efetivo policial na região.

O aposentado Otílio Jung, de 72 anos, também avaliou o trabalho do governador. “O Paraná mudou, pois não é mais comandado com rancor e falta de respeito”, disse. Ele defendeu a reeleição de Richa e destacou a segurança como a área que teve mais avanços. “Em primeiro lugar segurança, já que o Paraná estava esquecido nesta área. O governador investiu nessa área e devolveu a segurança para a população”, avaliou.

Beto Richa agradeceu os apoios da população e disse que isso mostra que o Paraná está no caminho certo, o caminho do diálogo e das parcerias. Ele fez um balanço do trabalho e destacou o fortalecimento da segurança na região de fronteira. Richa disse que o Paraná conta com um plano específico de segurança pública para a região de fronteira. “Sem o reforço de policiamento na fronteira, que é a porta de entrada de drogas e armas ilegais para o Brasil, os investimentos em segurança em todo o Estado ficariam comprometidos”, disse.

Para isso, Beto Richa instalou em Marechal Cândido Rondon o Batalhão de Polícia da Fronteira, que tem ações focadas no combate a crimes como contrabando, tráfico de drogas e de pessoas. Desde sua criação, o batalhão já retirou de circulação cerca de três toneladas de drogas. Com o aumento de efetivo e a entrega de 30 novas viaturas, o índice de mortes violentas caiu 34% na região.

O governador disse ainda que herdou o Paraná com o menor efetivo de policiais militares do Brasil. Para reverter isso, irá contratar até final do ano 10 mil novos policiais. “A maior contratação da história do Estado”, disse. Richa equipou as forças policiais com 1,5 mil novas viaturas e garantiu aumento salarial aos policiais. “Hoje, o policial militar, em início de carreira, tem o maior salário do Brasil”, afirmou.

OUTRAS ÁREAS 

– Além da segurança, a população também elogiou o trabalho em outras áreas. Renata Renzel, moradora de Marechal, destacou a melhora da saúde pública. “Eu sou profissional da saúde e na minha área a equipe do governador tem feito muitas ações, como a Rede Mãe Paranaense”. Já o corretor de imóvel Celso Merida, 70 anos, nascido e criado em Guaíra, elogia as obras de infraestrutura na região: “O governo Beto Richa não pode parar.”

MENINA DE 3 ANOS DECLARADA MORTA ACORDA NO MEIO DO PRÓPRIO VELÓRIO

Vídeo mostra momento em que pai retira criança de dentro do caixão



Fonte da imagem: Reprodução/jacquesalves


Uma menina de três anos que havia sido declarada morta no sábado (12) acordou durante o próprio velório, que acontecia em uma igreja da cidade de Zamboanga, nas Filipinas. O episódio foi registrado em vídeo, no qual é possível ver os pais da menina retirando-a do caixão.

De acordo com um inspetor da polícia local, a criança teve febre alta por vários dias e foi levada até uma clínica na sexta-feira para receber atendimento. “A equipe médica confirmou que a paciente não tinha mais pulsação, e ela foi declarada morta no sábado de manhã”, disse ele. Com isso, a família levou a menina para casa e preparou seu funeral.



Durante o velório, um amigo da família que se aproximou do caixão percebeu um movimento de cabeça da criança. Imediatamente, seu pulso foi checado e descobriu-se que ela estava viva.

O inspetor informou que a primeira reação dos pais foi oferecer água à criança, e em seguida eles a levaram até a clínica novamente. A menina foi liberada para voltar para casa, e seus pais estariam procurando um hospital com mais recursos para atendê-la.

Fonte(s)

Phillipine Star

Por João Gustavo Reva

domingo, 27 de julho de 2014

STF NEGA PEDIDO DE VARGAS PARA ANULAR PROCESSO NO CONSELHO DE ÉTICA

O ministro Ricardo Lewandowski, do STF, negou o pedido do deputado André Vargas (ex-PT) para anular o processo disciplinar a que ele responde no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados. 

Vargas é acusado de receber vantagens do doleiro Alberto Youssef, preso na Operação Lava Jato, da Polícia Federal.

A defesa de Vargas pediu ao Supremo a anulação do processo, alegando que não tem amplo acesso à íntegra do processo disciplinar que tramita no Conselho de Ética. Segundo os advogados, a restrição impede a elaboração da defesa de Vargas.

Na decisão, Lewandowski aceitou os argumentos da defesa , mas somente para garantir acesso a todo o processo disciplinar. "[É] plausível a alegação dos impetrantes no tocante ao cerceamento de defesa, estando evidenciados, nesse ponto, a fumaça do bom direito e o perigo na demora ensejadores do deferimento da medida cautelar. 

Já quanto ao pedido de paralisação do procedimento disciplinar, entendo que os mencionados requisitos não se revelam de plano, ao menos nessa análise perfunctória dos autos, própria deste momento processual", disse o ministro.

Reportagem publicada pelo jornal Folha de S.Paulo em abril deste ano, diz que Vargas usou um avião do doleiro Alberto Youssef para viajar a João Pessoa. Segundo o jornal, o empréstimo da aeronave foi discutido entre os dois por mensagens de texto no início de janeiro. 

Em outras mensagens, Vargas e o doleiro discutiram assuntos relacionados a contratos com o Ministério da Saúde, por meio do Laboratório Labogen. 

PARANÁ COM BETO RICHA PASSA RS E MG EM INVESTIMENTO NO PAÍS

O Paraná passou Rio Grande do Sul e Minas Gerais e já ocupa o terceiro lugar em ambiente de negócios e competitividade por investimentos no país. 

O ranking da consultoria britânica EIU (Economist Intelligence Unit), em parceria com o brasileiro CLP (Centro de Liderança Pública), mostra a ascensão do Paraná nos últimos dois anos, que saltou da quinta para a terceira colocação. As informações são da Folha de S. Paulo.

“Isso é resultado de um processo iniciado em 2011, construído com uma gestão eficiente com investimentos em infraestrutura, segurança, saúde, educação, tecnologia e inovação. Hoje o investidor encontra aqui no Paraná segurança jurídica, respeito aos contratos e um governo parceiro da iniciativa privada”, avalia o governador Beto Richa.

O ranking avaliou todos os Estados segundo o ambiente político, econômico, infraestrutura, regulação, recursos humanos, criminalidade, inovação e sustentabilidade. O período pesquisado foi de abril de 2013 a abril deste ano.

Beto Richa cita ainda a criação do programa Paraná Competitivo, que reinseriu o Estado na agenda dos investidores nacionais e internacionais e já contabilizou mais de R$ 35 bilhões em novos investimentos que estão criando 180 mil empregos em todas as regiões. “O Paraná vivencia o maior de industrialização da história. Em três anos atraímos o dobro de investimentos dos oito anos anteriores”, compara.

RANKING - O topo do ranking segue com São Paulo que, segundo os pesquisadores, dá sinais de esgotamento da atratividade, devido ao baixo crescimento, aumento da burocracia e redução dos gastos privados com pesquisa. O segundo posto continua, pelo terceiro ano, com o Rio.

Na avaliação dos pesquisadores a reviravolta ocorreu no terceiro lugar, ocupado nas duas pesquisas anteriores por Minas. A mudança decorre mais da ascensão econômica do Paraná do que da piora dos indicadores mineiros.

Cada Estado recebe uma nota, que vai de 0 a 100. Só São Paulo tem nota acima de 75, considerada de alta competitividade. A maioria tem nota fraca, abaixo de 50.

No caso do Paraná, que recebeu nota 63,9, houve um crescimento importante das exportações do agronegócio. O Estado melhorou em renda per capita, gastos privados com pesquisa e incentivos fiscais para política ambiental.

COMO LIDAR COM O MEDO DO FUTURO SEGUNDO OS FILÓSOFOS DA ANTIGUIDADE


Escrever sobre filosofia aplicada ao dia a dia foi uma das tarefas mais divertidas de minha carreira. Eu tinha uma coluna na revista Vida Simples. O nome era autoexplicativo: “Os Sábios e Nós: como eles podem nos ajudar”. 
Revi, há pouco, alguns dos textos.

Parei num deles. É um elogio da imprevidência. Há aí algo de provocador, mas existe bem mais que isso. Faça sua previdência, cuide da poupança, mas não se deixe esmagar por preocupações sobre o futuro.

O sábio é um imprevidente. Vive apenas o dia de hoje. Não pensa no futuro. Não planeja nada. Não se atormenta com o que pode acontecer amanhã. Eis um conceito comum a quase todas as escolas filosóficas: o descaso pelo dia seguinte. Mesmo em situações extremas.

Conta-se que um filósofo da Antiguidade, ao ver o pânico das pessoas com as quais estava num navio que chacoalhava, sob uma tempestade, apontou para um porco impassível e disse: “Não é possível que aquele animal seja mais sábio do que todos nós.” Era possível, sim.

O futuro é fonte de inquietação permanente para a humanidade. Daí a recomendação reiterada dos filósofos para que o tiremos da cabeça para nos concentrar apenas no presente – tememos perder o emprego, tememos ser traídos numa relação amorosa, tememos perder o cabelo e ganhar rugas. Tememos, para resumir, o colapso dos nossos planos. É mais inteligente, portanto, dada a deletéria carga de aflições associada ao planos, simplesmente não tê-los. O medo do dia de amanhã impede que se viva o dia de hoje.


A imprevidência é uma das maiores marcas da sabedoria, escreveu Epicuro.
Neste ponto a filosofia ocidental encontra eco em outras tradições. A essência do zen budismo é viver o que se consagrou como o “aqui, agora”. No zen, martela-se o conceito de que o passado, como ficou para trás, já não existe. E o futuro, como ainda está por chegar, também não. Vivamos o presente, então.

No cristianismo essa idéia também é potente. Uma das passagens mais líricas e belas do Novo Testamento afirma que a cada dia bastam seus problemas. É nessa passagem célebre que Jesus, aos que se inquietavam com o futuro, cita os lírios do campo, tão calmos, tão calmos em sua beleza deslumbrante. E afirma que nem Salomão, “em toda a sua magnificência”, se vestiu como qualquer um deles.

Somos tanto mais serenos quanto menos pensamos no futuro. Como tantas outras coisas, é mais fácil escrever essa frase do que praticá-la. Mas um bom ponto de partida para todos nós é refletir sobre ela. Vivemos sob o império dos planos, quer na vida pessoal, quer na vida profissional, e isso traz muito mais desassossego do que realizações.

O mundo neurótico em que arrastamos nossas pernas trêmulas de receios múltiplos deriva, em grande parte, do foco obsessivo no futuro. E não estamos falando num futuro paradisíaco, mas num amanhã cheio de trevas e riscos e perdas. Há um sofrimento por antecipação cuja única função é tornar a vida mais áspera do que já é.

Epicuro, como já foi dito, saudou a imprevidência como um gesto essencial de sabedoria. Volto a ele. Epicuro, numa sentença que o tempo fez antológica, disse que nunca é tarde e nem cedo demais para filosofar. Para refletir sobre a arte de viver bem, ele queria dizer. Para buscar a tranquilidaqde da alma, sem a qual mesmo tendo tudo nada temos a não ser medo, medo e medo.

Também nunca é tarde demais e nem cedo demais para lutar contra a presença descomunal e apavorante do futuro em nossa vida. 

O homem sábio cuida do dia de hoje. E basta."

Paulo Nogueira, Diário do Centro do Mundo