sexta-feira, 3 de maio de 2019

BRASIL CAMINHA PARA DÉCADA COM CRESCIMENTO MAIS FRACO EM 120 ANOS

Entre 2011 e 2020, economia brasileira deve avançar em média 0,9% ao ano, aponta FGV. Taxa é menor que o 1,6% da chamada 'década perdida', nos anos 1980.

Por Luiz Guilherme Gerbelli, G1


Prédio onde funciona o Ministério da Economia; letreiro anterior era do Ministério da Fazenda — Foto: Marília Marques/G1

A fraqueza da economia deve dar ao Brasil uma triste marca ao fim do ano que vem. A taxa média de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da atual década deve ser a mais baixa dos últimos 120 anos.

Mercado reduz estimativa de crescimento do PIB para 2019 e 2020

De 2011 a 2020, o crescimento médio do Brasil deve ser de apenas 0,9% ao ano, projeta um estudo do Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV). Se a previsão for confirmada, a economia brasileira vai registrar um desempenho mais fraco até mesmo do que o observado nos anos 1980, período chamado de "década perdida", quando o PIB avançou em média apenas 1,6% ao ano no período.

O levantamento do Ibre utiliza como base a série histórica do PIB apurada pelo Instituto de Pesquisas Econômica Aplicada (Ipea) e as projeções para 2019 e 2020 do relatório Focus, do Banco Central, que colhe a avaliação de analistas para a economia brasileira.

Taxas médias reais de crescimento anual em cada década
Dados em %


O desempenho atual é explicado, segundo os analistas, pela piora das condições macroeconômicas do Brasil. Desde 2014, a economia brasileira tem colhido sucessivos déficits nas contas públicas, o que levou a um aumento acelerado da dívida do país e, consequentemente, da desconfiança com a saúde financeira, afetando diretamente a taxa de crescimento da economia.

"Houve uma grande desarrumação da economia nesta década. Os erros de política econômica levaram a uma queda muito forte do PIB em alguns anos e agora produzem uma lenta recuperação", afirma o pesquisador do Ibre/FGV e responsável pelo estudo, Marcel Balassiano.


Em 2015 e 2016, por exemplo, a atividade econômica recuou 3,5% e 3,3%, respectivamente. Foi um marco negativo para a histórica econômica do país. O Brasil não registrava um dois anos seguidos de recessão desde 1930 e 1931, quando o mundo foi afetado pelos efeitos da crise econômica de 1929, quando ocorreu a quebra da bolsa de Nova York.

Para piorar o cenário da década atual, os sinais da lenta retomada estão se consolidando. Nos últimos dois anos, o PIB avançou apenas 1,1%. Em 2019, o desempenho da economia começou de forma lenta, e os analistas já reduziram a projeção de crescimento de 3% para 2%. Na última sexta-feira (22), o ministério da Economia também reduziu sua previsão de alta do PIB para este ano, de 2,5% para 2,2%.

PIB do Brasil cresce 1,1% em 2018 e ainda está no patamar de 2012


"A saída da recessão mais recente está mais difícil por algumas razões", afirma o economista-chefe da consultoria MB Associados, Sergio Vale. "Na saída da recessão, não tínhamos disponíveis os instrumentos clássicos de política monetária e fiscal para estimular a economia: a inflação estava em dois dígitos e o fiscal era a origem do problema."


Além dos problemas de características mais estruturais apontados pelos economistas, fatores pontuais têm prejudicado a retomada. Em 2018, a greve dos caminhoneiros e a incerteza com o quadro eleitoral afetaram a atividade. A desaceleração da economia mundial, sobretudo da Argentina, importante parceira comercial do Brasil, também está colaborando para minar uma retomada mais forte.


"Este ano ainda temos um pouco de resquícios desses choques: a Argentina e o mundo seguem em desaceleração, afetando o crescimento do começo de 2019", diz Vale.

O fraco desempenho do PIB na década atual


Foco no Fiscal


Se quiser acelerar o crescimento da economia nos próximos anos, o governo vai ter de endereçar a questão das contas públicas, de acordo com analistas. No centro do debate, está a reforma da Previdência. Ela é considerada fundamental para o acerto das contas do governo e, dessa forma, pode contribuir na atração de investimentos para acelerar o crescimento econômico.


A proposta apresentada pela equipe econômica liderada pela administração Bolsonaro projeta uma economia de R$ 1,16 trilhão em 10 anos. A equipe econômica e política do governo avalia que a proposta deve ser aprovada ainda no primeiro semestre.

Entenda a proposta da Previdência ponto a ponto

"O nosso problema fiscal é enorme e precisa ser resolvido para permitir a volta de algum crescimento mais robusto", afirma Balassiano, do Ibre – neste ano, a meta do governo é de um déficit de até R$ 139 bilhões.

Sem a aprovação da reforma, os analistas avaliam que o crescimento deste ano tende a ser ainda mais baixo do que os 2% projetados atualmente.

Crise dos anos 1980

Até a década atual, o período de mais baixo crescimento do país foi registrado nos anos 1980. Naquele período, a economia brasileira enfrentou uma combinação perversa.

No cenário internacional, houve uma piora das condições financeiras, com alta de juros pelas principais economias. Internamente, o Brasil passava pelo período de redemocratização, lidando com um quadro de baixo crescimento, descontrole fiscal e aumento da inflação - o país enfrentou vários planos de estabilização.

"Entre os principais fatores que levaram ao quadro de instabilidade dos anos 80 está o esgotamento do modelo de industrialização promovido pelo Estado desde os anos 30, com um endividamento público agudo", afirma a economista e sócia da consultoria Tendências, Alessandra Ribeiro.

Em 1987, o governo brasileiro chegou a declarar moratória e suspendeu o pagamento de credores internacionais.

PALESTRA DA FIOCRUZ TRAÇA HISTÓRICO DA PROMOÇÃO À SAÚDE

Como parte da 1ª Conferência de Promoção da Saúde da Fiocruz, que aconteceu na Tenda da Ciência, na segunda-feira (8/4), o ex-presidente da Fundação e diretor do Centro de Relações Internacionais em Saúde, Paulo Buss, apresentou a palestra magna Promoção da Saúde, atenção básica e interface com a Agenda do Desenvolvimento 2030 e seus ODS.


“É preciso entender a promoção à saúde não só com foco no indivíduo e no que conhecemos como comunicação em saúde, mas como uma forma de olhar para a saúde como um todo”, explicou Buss (foto: Peter Ilicciev)

Em sua fala, Buss apresentou a promoção à saúde como uma das principais estratégias a atenção primária em saúde, Buss destacou quatro marcos internacionais da trajetória desta abordagem: a Conferência de Alma-Ata, em 1978, a Carta de Ottawa, em 1986, a Conferência de Astana, em 2018 e a Agenda dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, estabelecida pela ONU em 2015.

“É preciso entender a promoção à saúde não só com foco no indivíduo e no que conhecemos como comunicação em saúde, mas como uma forma de olhar para a saúde como um todo”, explicou.

Alma-ata: um marco na saúde

A Conferência de Alma-Ata, que ocorreu no Cazaquistão em 1978, é considerada um marco fundamental na história da saúde. Nela, pela primeira vez, a Atenção Primária foi reconhecida como função central e foco principal dos sistemas de saúde. Além disso, sua declaração reafirma a saúde como um direto humano fundamental e “a mais importante meta social mundial”.

“Alma-Ata é também uma crítica à ineficiência e à ineficácia dos sistemas de saúde de então e ao modelo praticado pela Organização Mundial da Saúde, que se organizava por campanhas de erradicação de doenças”, explicou Buss, que esteve na Conferência, onde também foram reconhecidas as profundas desigualdades entre os países e no interior dos mesmos e se estabeleceu a meta de “Saúde para todos” até 2000.

“Foi uma reunião sem precedentes”, resumiu o ex-presidente da Fiocruz. “Acessibilidade universal, equidade, integração da prevenção e tratamento, responsabilidade do governo pela saúde das populações e participação da comunidade estavam no centro do debate”.

Astana: a reafirmação de um compromisso

Quarenta anos depois dessa conferência histórica, em 2018, uma nova conferência, também no Cazaquistão, buscou reafirmar os seus preceitos. “A Conferência de Astana teve como objetivo reafirmar o compromisso com a Atenção Primária em Saúde, mas de forma compatível com o atual momento, tendo como foco a Agenda 2030 e seus objetivos”, explicou Buss, que foi um dos representantes do Brasil no evento.

Em seu documento final, conferência destacava a “cobertura universal” como a principal meta a ser atingida. Os representantes do Brasil no evento, no entanto, colocaram algumas críticas a esse conceito, preferindo se referir à ideia de acesso universal, em consonância com o preceito de universalidade do SUS. Esta posição foi exposta em documento entregue aos participantes da reunião e publicado na revista Cadernos da Saúde Pública.

Conferências sobre promoção à saúde: de Ottawa a Shangai

A Conferência de Ottawa, em 1986, foi a primeira Conferência Internacional sobre Promoção à Saúde e estabeleceu, em sua carta final, campos de ação para a área. De acordo com o documento, a promoção à saúde consiste em: elaboração e implementação de políticas públicas saudáveis, criação de ambientes favoráveis à saúde, reforço de ação comunitária, desenvolvimento de habilidades pessoais e reorientação dos sistemas e serviços de saúde.

Após essa primeira conferência, outras oito foram realizadas em diferentes partes do mundo para abordar cada um desses aspectos e seus desdobramentos. O reconhecimento de que a promoção à saúde depende de um esforço intersetorial de diversas políticas e de que eram necessários ambientes saudáveis para uma população saudável foram algumas das principais contribuições das conferências de Adelaide, Sundsval, Jakarta, Cidade do México, Bangcok, Nairobi, Helsinque e Shangai, segundo o ex-presidente da Fiocruz.

A partir dessas discussões, as políticas de trabalho, previdência, educação, habitação, saneamento, entre outras, passaram a ser reconhecidas como políticas que interferem na saúde da população. Estes múltiplos fatores são conhecidos como os “determinante sociais da saúde” e foram debatidos em uma conferência própria, realizada em 2011, no Rio de Janeiro, que produziu como documento final a Declaração Política do Rio sobre Determinantes Sociais da Saúde.

Outros aspectos importantes trazidos por essas conferências foram a reafirmação da importância da ação comunitária, da comunicação em saúde e da reorientação dos sistemas de saúde, com foco na atenção primária, para a promoção em saúde. “Comunidade e justiça social são dois conceitos norteadores para a promoção da saúde”, afirma Buss.

Agenda 2030

Atualmente, a ONU coloca como sua principal agenda a implementação dos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) até 2030. Traçados para após o fim do prazo dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), em 2015, os ODS foram aprovados por todos os Estados-membros das Nações Unidas em sua Assembleia Geral e representam um esforço conjunto para lidar com os maiores desafios do mundo.

“Os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável apresentam como característica a interpenetração. Geralmente, eles são apresentados lado a lado, mas para mim, a melhor metáfora para demonstrar esse aspecto é a do quebra-cabeça”, define Paulo Buss.

O Objetivo 3 trata especificamente da saúde, no entanto, o tema também está presente, direta ou indiretamente, em todos os outros objetivos. A saúde é considerada, ao mesmo tempo, uma pré-condição, um resultado e um parâmetro para o monitoramento da Agenda 2030.

O desafio no momento é fazer com que esta Agenda seja conhecida e chegue aos territórios. Buss chama de “localização” este processo de levar em consideração os contextos subnacionais para realização da Agenda 2030, o que inclui a definição de meta locais.

Buscando contribuir para esse processo, a Fiocruz estabeleceu em 2017 a Estratégia Fiocruz para a Agenda 2030 (EFA2030). Coordenada pelo ex-presidente Paulo Gadelha, e EFA2030 tem entre suas ações a promoção de Territórios Saudáveis e Sustentáveis junto às comunidades tradicionais.

Fonte: Dias J. Palestra na Fiocruz traça histórico da promoção à saúde. Rio de Janeiro: Agência Fiocruz de Notícias; 2019 Abr 10. [acesso em 11 abr 2019]. Disponível em: https://agencia.fiocruz.br/palestra-na-fiocruz-traca-historico-da-promocao-saude
Julia Dias

domingo, 3 de fevereiro de 2019

"DESPEDIDA" DO HELICÓPTERO DO AEROMÉDICO EM TAILÂNDIA

O prefeito da cidade e a Helisul, tiveram mais de 800 mil reais bloqueados pela Justiça.

Foto: Divulgação

Um vídeo divulgado no fim da tarde desta quarta-feira (30), pelo prefeito de Tailândia Paulo Liberte Jasper – Macarrão (PDT), no Facebook, mostra o último voo do helicóptero do aeromédico na cidade.


A aeronave foi devolvida a empresa Helisul Aviação, após o contrato ser interrompido por determinação Judicial.

O prefeito da cidade e a Helisul, tiveram mais de 800 mil reais bloqueados pela Justiça, por supostas irregularidades no contrato do aeromédico. Outras três pessoas, também foram denunciadas pelo Ministério Público Estadual.