Em videoconferência em São Paulo, fundador do Wikileaks explica que norte-americanos agem no Brasil. Para Assange, cenário revela que há um colapso do estado de direito no Ocidente
Brasil está sendo invadido pelos Estados Unidos, diz Assange (Reprodução) |
O fundador do Wikileaks, Julian Assange, disse na noite desta
quarta-feira (18), durante videoconferência em São Paulo, que as
denúncias de espionagem americana em território brasileiro revelam que
os Estados Unidos estão invadindo o Brasil.
“O que significa quando uma lei sai de seu território [para agir em
outro]? Vocês estão sendo invadidos por uma jurisdição, que está fazendo
valer sua lei no estrangeiro”, declarou Assange durante o seminário
Liberdade, Privacidade e o Futuro da Internet, organizado pela
Secretaria Municipal de Cultura e pela Boitempo Editorial.
Assange fez as declarações por meio de uma videoconferência direto da
Embaixada do Equador em Londres, onde está asilado desde junho de 2012.
A lei citada por Assange se trata do Ato Patriótico, aprovada pelo
Congresso americano logo após os atentados terroristas de 11 de setembro
de 2001.
A chamada lei do terrorismo permitiu que os americanos realizassem
escutas telefônicas e quebrassem sigilos para investigar possíveis atos
de terrorismo. Técnicas violentas de interrogatório também foram
empregadas no Oriente Médio. Para Assange, o aparato de espionagem
global montado pelos EUA são consequência disso.
Segundo o australiano, esse cenário revela que há um colapso do estado de direito no Ocidente.
— É um colapso dos direitos humanos.
Segundo o fundador do Wikileaks, site que revelou boa parte das
violações aos direitos humanos que os americanos cometeram na chamada
guerra ao terror, os EUA montaram um aparato de vigilância massiva no
mundo inteiro.
— Quase todas as comunicações da América Latina (98%) passam pelos
EUA. Toda a estrutura [tecnológica] da comunidade do Brasil foi roubada
pelos Estados Unidos. Cada pessoa que se comunica aqui está embutida
nessa estrutura.
Ao mesmo tempo, diz Assange, essa infraestrutura de telecomunicações
“torna possível esse tipo de comunicação, entre mim, aqui na Embaixada
do Equador em Londres, e vocês, no Brasil”.
Julian Assange, de 42 anos, está refugiado na Embaixada do Equador em
Londres, na Grã-Bretanha, desde 19 de junho para evitar a extradição à
Suécia, onde querem interrogá-lo sobre denúncias de crimes sexuais.
O ex-pirata da informática, que enfureceu Washington em 2010 quando
seu site WikiLeaks publicou milhares de documentos diplomáticos secretos
dos Estados Unidos, disse que teme ser enviado a esse país, onde
acredita que sua vida correria risco.
Até o momento, nem os Estados Unidos nem as autoridades suecas
fizeram acusações formais contra Assange. Promotores suecos querem
interrogá-lo sobre acusações de violação e agressão sexual feitas por
duas participantes do WikiLeaks em 2010.
Assange disse que teve relações sexuais consentidas com as mulheres que o denunciaram.
R7 e agências
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