Com
seriedade e força de vontade política é possível instalar uma Comissão
Parlamentar de Inquérito (CPI) para
investigar assuntos polêmicos e de interesse à sociedade. É preciso ter
fundamento, peito e coragem, pois os parlamentares envolvidos em CPIs
sofrem retaliação, ameaça e indignação por parte dos investigados; que
normalmente são tubarões de alto escalão
Sinto-me
tão à vontade para abordar sobre CPIs, justamente por ter presidido a
do Banestado, em 2003, e sentido a pressão na pele. Isso
é o retrato da vida real! Não é de hoje que sou a favor de fazer o que é
correto e mostrar com total transparência o que acontece nos bastidores
da vida pública. É dever dos vereadores, deputados ou senadores que se
reúnam e formem CPIs para investigar o que
está acontecendo ao seu redor. Denunciar é preciso! Os representantes
do poder público foram escolhidos pelo voto popular e devem cumprir com
as suas obrigações para fazer jus ao voto de confiança depositado pelos
eleitores.
Com
veemência ressalto que uma CPI é o trunfo máximo do Poder Legislativo
para investigações por possuir acesso ao funcionamento da
máquina burocrática. Deve-se insistir em comissões municipais e
estaduais, pois não é assunto que se remete apenas à competência da
esfera federal como muitos avaliam.
A
quebra de sigilo bancário, fiscal e telefônico de empresas e envolvidos
nas investigações é uma forte e eficiente arma a favor das
CPIs. Na época do Banestado, um acórdão no Supremo Tribunal Federal
(STF), garantiu a quebra de sigilo de 14 empresas. Com trabalho árduo,
somando 43 reuniões, foi apresentado um relatório final, conferido aos
documentos originais do Banco Central, fruto da
quebra de sigilo. Muitas pessoas foram presas e, até hoje, tem gente
respondendo processo. O encerramento foi um momento histórico, com todos
os poderes presentes. Isso é prova legítima que insistir vale a pena!
Na
atualidade temos um cenário similar referente ao transporte coletivo de
Curitiba. Ainda bem que no final de junho, a Câmara Municipal
de Curitiba (CMC), aprovou por unanimidade a criação de uma CPI -
depois de várias manifestações populares - para investigar 12 empresas
de ônibus, as planilhas de custos e o preço final das tarifas. Neste
tema, questiono-me diariamente se essas empresas investem
todo o dinheiro que recebem no próprio setor ou diversificam seus
investimentos, como na área imobiliária ou pró-labores mais gordos?
Com
tantos argumentos positivos, será que a polêmica CPI do Pedágio, que
vai e volta atrás, agora será instalada? Afinal, o Tribunal
de Contas do Estado (TCE) vem apontando irregularidades na atuação das
concessionárias. CPI é um instrumento sério, não é brinquedo, e nem
estratégia para aparecer na mídia. Existe uma sequência para se instalar
uma CPI, a começar pela assinatura de parlamentares
solicitando um pedido para a comissão acontecer. Pelo menos um terço
dos parlamentares precisa assinar este pedido, e depois escolher um
grupo para conduzir as investigações. No final, a CPI apresenta um
relatório, que serve de prova para os órgãos do poder
judiciário punir os suspeitos. Ou seja, CPI não termina em pizza como
muita gente sem conhecimento costuma dizer. Existe todo um trâmite
burocrático e até é possível derrubar um presidente.
Para quem presidir e se envolver
em uma CPI fica o meu apoio, pois na época da CPI do
Banestado foi um período muito difícil para mim e para a minha família,
tivemos que nos cercar de seguranças, de tanta pressão e ameaça. Mas
o trabalho foi até o fim, com a coragem também do juiz titular da 2ª
Vara Federal Criminal, Sérgio Moro. Acima de tudo, cumpri o meu papel de
cidadão. Chega de fraudes! Precisamos de mais transparência. Isso é ter
respeito à população, responsável por eleger
seus candidatos para ter representatividade.
Neivo Beraldin,
Deputado Estadual por 6 legislaturas (86 a
2011) e
atual superintendente regional do Ministério Trabalho e Emprego/PR
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